13 jun CRP-MG se manifesta em relação aos crimes motivados por LGBTFobia
O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), por meio da Comissão de Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual, manifesta seu pesar e solidariedade às inúmeras vítimas e a seus familiares dos crimes de LGBTFobia no mundo, e neste momento em especial, do atentado LGBTfóbico ocorrido no dia 12 de junho de 2016, na Boate Pulse, em Orlando/ Flórida.
As 50 pessoas mortas e mais as 53 feridas nos Estados Unidos, neste final de semana, devem representar a dimensão da violência que o público LGBT sofre diariamente em todos os países, como é o caso do Brasil – considerada a nação que mais mata pessoas trans no mundo, em crimes diariamente invisibilizados pelo poder público e pela mídia.
Embora a comunidade LGBT tenha conquistado, com muita luta, uma pequena parcela de direitos (que são inclusive garantidos constitucionalmente para todas e todos), lidamos diariamente com inúmeros retrocessos, abusos e discursos de ódio disfarçados como liberdade de expressão que disseminam uma cultura excludente de eliminação daquele considerado diferente.
O extremismo e o fundamentalismo religioso no país contribuem para a estimulação e execução da violência contra minorias. Concepções conservadoras estão ocupando cada vez mais setores e espaços na política, com imposições inflexíveis. Estas fomentam, justificam e incentivam discursos de ódio LGBTfóbicos, que têm exatamente a mesma origem que alimenta os crimes e atentados ocorridos em outros lugares do mundo.
Entendemos que o problema relatado é estrutural e cultural. Independentemente dos recortes de classe social, etnia, crença religiosa está em todos os lugares, das formas mais veladas às mais escancaradas, se apoiando em práticas misóginas, sexistas, machistas, patriarcais. Somente será extinto recorrendo a uma reforma basal por meio da educação, na qual possamos discutir gênero e sexualidade livremente e em todos os espaços possíveis.
A LGBTFobia é um problema que precisa ser politizado, inclusive por meio da educação – ferramenta emancipatória mais eficaz para garantir a cidadania e a dignidade de todos.
Em um contexto embasado pela intolerância às diferenças e diversidades, a Psicologia como ciência e profissão deve aglutinar-se a outros atores sociais na perspectiva da construção de uma sociedade que garanta os direitos, promova a saúde e qualidade de vida de seus cidadãos, contribuindo para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Belo Horizonte, 13 de junho de 2016.