CRP-MG participa do maior evento de Psicologia da América Latina

VII Congresso Latinoamericano de Psicología contou com participação de 19 países.

A União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (Ulapsi) realizou, de 3 a 5 de junho, o VIII Congresso Latinoamericano de Psicología, com a participação de 19 países. O tema desta edição foi “Fortalecendo o Compromisso da Psicologia Latino-americana com Bem Estar Social” e teve como objetivo analisar, debater e identificar elementos comuns que afetam esses povos. O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) esteve presente por meio das participações das conselheiras Lourdes Machado, Evely Capdeville e Liliane Martins e do psicólogo Henrique Galhano Balieiro.

O Congresso foi organizado nos eixos “Políticas públicas, movimentos sociais e problemas atuais”, “Violência e construção da subjetividade”, “Construção de conhecimento em psicologia latino-americana”, “Relações pessoas X trabalho: tendências regionais” e “Promoção e compromisso da Psicologia na busca pelo bem-estar social”. Segundo as conselheiras do CRP-MG, o evento se constituiu em um momento de escuta, aprendizado e reafirmação da importância de reconhecer as diferentes culturas, seus registros e efeitos nas subjetividades dos povos.

Lourdes Machado, conselheira presidenta, conduziu as mesas  “Psicología y realidad política en el contexto latinoamericano” e “Psicología y democracia”. Para ela o Congresso ressaltou como a profissão se tornou um espaço de promoção da cidadania e ao mesmo tempo o quanto vem sendo atacada. “Entendemos que são os diversos protagonismos que nos fazem fortes para defender a Psicologia Latino-Americana na contemporaneidade; que não podemos pensar que exista uma profissão neutra ou imparcial, pois todas envolvem questões políticas e sociais. No panorama das mesas ficou evidente uma realidade social que exige implicação e compromisso com as pessoas que estão à margem do tecido social. É necessário criar uma identidade para a Psicologia Latino-Americana marcada pela defesa dos direitos humanos. Uma Psicologia que busque condições dignas de trabalho aos seus profissionais, que possibilite amplo acesso aos serviços psicológicos e que contribua para a redução de estigmas e preconceitos de qualquer natureza”, pontuou.

Na opinião da conselheira tesoureira e coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia e Formação Profissional, Evely Capdeville, “a participação no Congresso foi enriquecedora pois permitiu reconhecer nossas semelhanças, nossas diferenças, nossas alteridades, em um exercício de escuta, aprendizagem e compartilhamento muito respeitoso. Vimos de perto que cada forma de fazer Psicologia passa pelos referenciais culturais, mas que a luta em torno das marcas provocadas pelo processo colonizatório é uma só”.

Debates fundamentais para o Conselho – Todos os eixos propostos pelo Congresso já fazem parte do trabalho cotidiano do CRP-MG e por essa razão as(os) representantes tiveram uma participação efetiva nos debates. Evely Capdeville comandou a mesa “Desafíos latinoamericanos de la formación en psicología escolar y educacional”, na qual também fez a exposição “Desempeño en la psicologia escolar y educativa desde una perspectiva historica cultural”; e coordendou o debate “Formación en psicología: desafios contemporáneos”, quando também colocou para reflexão o tema “Los retos de la formación en psicologia ante la educación a distancia y el aprendizaje a distancia y EAD”.

A conselheira referência das comissões de Orientação Mulheres e Questões de Gênero da sede e subsede Centro-Oeste do CRP-MG, Liliane Martins, foi expositora na mesa “Descolonización del pensamiento en la América latina”, com o tema “Descolonización del pensamiento, desafios para las universidades latino-americanas” e participou da mesa “Políticas públicas, movimentos sociales y problemáticas actuales”, em especial no debate “Mulheres: Enfrentamento às violências e promoção de saúde”. “Trouxemos para as reflexões questões como o que é ser uma mulher negra e lésbica no Brasil e de que maneira a Psicologia pode contribuir para as questões de raça e gênero. Algo que me chamou muito a atenção foi ser a única mulher negra em uma das mesas. Isso ressaltou o quão impensável é não haver uma conselheira negra nos debates raciais, principalmente no meio acadêmico. É nosso dever trazer para as universidades a desconstrução do pensamento colonial por meio de uma Psicologia mais crítica”, assinalou Liliane.

Por fim, o coordenador do GT Migrações, Henrique Galhano Balieiro, fez a exposição “Población inmigrante en Brasil: Estigma y violência”, na mesa “El fenómeno migratorio en américa latina y el impacto psicossocial”. O psicólogo apresentou e analisou a pesquisa Impactos da pandemia de Covid-19 nas migrações internacionais no Brasil, desenvolvida pelo grupo GIPE-DSM e GEDEP da PUC Minas em parceria com o Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó”, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2020. Segundo ele, os dados mostram o aumento das violências e violações de direitos que essas pessoas têm experimentado no último ano. “São relatos fortes de estigmatização, xenofobia, insegurança alimentar e impactos na saúde mental agravados pela falta de uma política pública efetiva constituída no país”, explicou completando que a participação no Congresso propiciou “uma conexão importante na construção de uma Psicologia Latino-americana pautada no compromisso social e norteada pelos nossos princípios éticos e políticos. Encontros como esse contribuem para potencializar uma Psicologia cada vez mais decolonial”.

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– CRP PELO INTERIOR –