CRP-MG propõe debate sobre Psicologia e a defesa dos direitos reprodutivos das mulheres em live

A transmissão aconteceu na quarta-feira, 28/10, e está disponível na íntegra no Youtube do CRP-MG

A aprovação da Portaria 2.282, posteriormente revogada pela Portaria 2.261/2020, acendeu ainda mais a discussão sobre o aborto em casos decorrentes de estupro, já que a normativa estabelece que profissionais de saúde são obrigadas(os) a notificar o caso às autoridades policiais e armazenar materiais de prova, mesmo que a vítima ou os responsáveis legais não tenham consentido.

Atento à essas questões, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais provocou o debate “Descriminalização do aborto: Psicologia e defesa dos direitos reprodutivos das mulheres” em sua transmissão, na última quarta-feira, 28/10, por meio do seu canal do Youtube.

A atividade contou com as contribuições da Psicóloga e doutora e Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva, Letícia Gonçalves, que realizou em sua explanação uma análise do atual cenário político no que tange às questões dos direitos reprodutivos das mulheres no país. Sobre isso ela comentou: “todos esses debates e todas essas disputas argumentativas em torno da legislação do aborto não são suficientes para impedir que as pessoas façam aborto. Parece óbvio, mas vemos que muitos profissionais insistem nessa disputa falaciosa dos argumentos, desconsiderando que estamos falando sobre vidas concretas e complexas e que essas discussões são abstratas demais para dar conta dessa realidade que vamos nos deparar no exercício profissional”.

A Psicóloga, Lisandra Moreira,  que é docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, do curso de Direito da UFMG e doutora em Psicologia pela UFSC, também deixou suas contribuições e analisou o contexto pandêmico em que o país e o mundo se encontram, relacionado com a retirada de direitos já conquistados pelas mulheres:  “a pandemia tem sido usada como estratégia para que vários retrocessos aconteçam. Pensar nesse cenário é importante para analisar os impactos dessa situação para as mulheres e consequentemente para os seus direitos. O jogo que se dá em estabelecer o que é emergencial e o que é essencial vai ser mantido, mas tende a colocar a mulher em segundo plano”.

Paula Rita Bacellar Gonzaga, que é doutora em Psicologia, vinculada ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e extensão Conexões de Saberes da UFMG, coordenadora do Programa Integrado de Pesquisa, Extensão e Criação – Janaina Aparecida (UFSB), propôs reflexões sobre o que vem sendo apresentado como orientação para atuação das(os) psicólogas.  Comentou que “não compete a nós atestar veracidade sobre os relatos das mulheres que buscam um serviço onde nós estamos alocadas enquanto profissionais de saúde. Precisamos estar atentas(os) a isso, por que a nossa função é justamente o contrário. Nós devemos atuar em prol da eliminação de qualquer forma de opressão, de crueldade, promovendo a saúde e qualidade de vida dos sujeitos.”

A mediação do evento ficou sob responsabilidade da psicóloga, especialista em Direitos Humanos, mestranda em Psicologia Social e conselheira do CRP-MG, Liliane Martins, que conduziu a transmissão e leu os comentários feitos pelas(os) internautas no campo de comentários no Youtube.  

Confira a transmissão na íntegra:

 

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