De Janeiro a Janeiro: Desafios enfrentados por mulheres migrantes e refugiadas pautaram diálogo promovido pelo CRP-MG

Profissionais compartilharam reflexões e experiências com o público

Com o intuito de abordar as consequências psíquicas e emocionais que os processos migratórios provocam nas mulheres, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) promoveu, na noite da última terça-feira, 28/11, uma nova live da série Saúde Mental de Janeiro a Janeiro. O tema do encontro foi “Impactos da violência de gênero na subjetividade da mulher migrante”.

Durante sua contribuição, a psicóloga Jéssica Lariza defendeu que a violência de gênero precisa ser tratada também na perspectiva de saúde pública. “Quando falamos de violência de gênero, estamos falando do apagamento de nossas vidas, dos nossos corpos”, alertou.

A convidada também destacou a importância de as(os) psicólogas(os) se atentarem às pautas de migração e refúgio, pois muitas(os) podem vir a trabalhar com vítimas dessa situação. Segundo Jéssica, independentemente das crenças e opiniões pessoais, as(os) profissionais da Psicologia precisam estar cientes de sua responsabilidade nos processos de recebimento e acolhimento dessas pessoas. “Nós temos nossas crenças, nós somos diversas e diversos, mas nada disso pode atravessar quando estamos falando de humanidade”, ponderou.

Já a coordenadora e professora de pós-graduação de Psicologia e Migração na PUC Minas, Rima Awada Zahra, lembrou a relação do tema com o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, celebrado em 25 de novembro. A data também marca o início da campanha internacional de 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

De acordo com Rima, o aumento de crianças e mulheres nessas condições reforça a necessidade da construção de políticas públicas. “O fluxo migratório feminino nos desafia a aprimorar e construir uma saúde humanizada de acolhimento e suporte multidisciplinar. Neste sentido, é necessário construir políticas para aprimorar as que já temos, como as de acesso ao Sistema Único de Saúde e tantas outras”, declarou

A profissional também refletiu sobre o papel da Psicologia em se posicionar pelo respeito aos direitos humanos e contra as opressões, violências, discriminações e processos de desumanização, comumente utilizados em conflitos e guerras, com o objetivo de legitimar os ataques a determinados grupos.

O encontro foi mediado pela psicóloga e assessora na Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de Contagem/MG, Jéssica Isabel. Ela lembrou que, segundo a ONU, há mais de 280 milhões de migrantes internacionais no mundo, e mais de 90 milhões de refugiadas(os), de acordo com a ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), o que reforça a urgência de se buscar soluções para este cenário.

A mediadora ressaltou a força das mães migrantes, que muitas vezes deixam as(os) filhas(os), ainda crianças, no país de origem por não conseguirem levá-las(os) consigo. “As mulheres, frente a tantas violências, como o machismo, têm um nível de resistência e estratégia de vida muito efetivo“, pontuou a psicóloga.

Publicações e Carta Aberta

A Comissão de Orientação em Psicologia e Migração do CRP-MG produziu o Guia Migração, Refúgio, Tráfico de Pessoas e Subjetividades com o intuito de compartilhar informações que subsidiem a atuação da categoria.

O CRP-MG também é signatário da Carta Aberta de psicólogas(os) pelo fim da violência contra o povo palestino.

E, durante a live, a convidada Rima Awada Zahra sugeriu as seguintes leituras para o público:

Caminhos para a promoção de saúde da mulher – Cartilha de promoção de saúde da mulher voltada para venezuelanas e migrantes de países vizinhos ao Brasil

Como apoiar as vítimas/sobreviventes da violência baseada no gênero (VBG) quando o agente da VBG não se encontra na sua zona – Guia prático de bolso para profissionais de ajuda humanitária.

Malaika: força do Congo

A live está disponível, na íntegra, no canal do CRP-MG no YouTube. Assista:



– CRP PELO INTERIOR –