25 abr Desafios da Psicologia no atravessamento entre as juventudes e as drogas foram pautados no Psicologia em Foco
Nesta quarta-feira, 25, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), realizou o Psicologia em Foco “Juventudes, drogas e Psicologia: desafios da atuação”. Participaram as convidadas: Bárbara de Faria Afonso, psicóloga clínica e integrante da Comissão de Psicologia e Juventudes do CRP-MG; e Joana Ladeira, psicóloga clínica e participante de ações e projetos relacionados à juventude e à cidade. O mediador foi Giovanni Silva, psicólogo e coordenador da Comissão de Psicologia e Juventudes do CRP-MG.
Bárbara Afonso deu início às contribuições e alertou para a diferença no acesso aos direitos. Segundo a psicóloga, enquanto para alguns há o direito de ser jovem e de ter lazer, esporte e cultura, para outras(os) há uma antecipação da necessidade de entrada no mercado de trabalho e na vida adulta, o que pode implicar em obstáculos na subjetividade desses sujeitos. Neste seguimento, ela ainda ressaltou que, no Brasil, é importante pensar em um recorte racial, uma vez que, desde a escravidão até a atualidade, jovens negros e moradores de periferia são vistos, reconhecidos e identificados no lugar de potenciais bandidos e têm uma vida associada ao medo.
No que diz respeito às drogas, Bárbara destacou que muitas(os) jovens fazem o uso dessas substâncias por não terem outros interesses na vida e, nesses casos, não há relação com o fato de a droga “ser ruim ou não”, mas com a lógica de vida que o sujeito estabelece. “Um primeiro ponto que a Psicologia pode contribuir é estar no lugar de não saber tudo e entender o que os jovens ensinam e dizem para a gente. O nosso desafio é não pensar em apenas um aspecto, mas também nas questões sociais, históricas e psicológicas do indivíduo”, defendeu.
Joana Ladeira abriu questionamentos sobre a maneira como a Psicologia acolhe as(os) jovens nos espaços em que atua e qual é o entendimento das(os) psicólogas(os) sobre drogas.
As duas convidadas alertaram para a importância de que se façam debates específico sobre o uso exacerbado de loló, uma prática comum entre vários grupos de jovens e que tem consequências graves.
Os desafios da Psicologia neste contexto, segundo Joana, vão muito além do campo de atuação, já que ao pensar no Brasil, é necessário racializar os debates, uma vez que não são apenas jovens negros que usam drogas. Segundo a psicóloga, é necessário pensar na garantia da existência desses sujeitos, na preservação de sua saúde e na manutenção de suas vidas. “Quando dizemos que um jovem está envolvido com um crime, nós estamos criminalizando o jovem. Ele é quem precisa dizer se ele é ou não é”, afirmou.