Desigualdade social e meritocracia no ensino público foram destacados no Psicologia em Foco desta semana

“Acesso e permanência de estudantes das classes populares no ensino superior” foi o título do Psicologia em Foco realizado nesta quarta-feira, 16, na sede do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), em Belo Horizonte.

Participaram da mesa, a assistente social Helena Dias, doutoranda em Educação, professora do Centro Universitário UNA e servidora do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais; e a psicóloga Natália Colen, mestra em Educação e analista de Políticas Públicas na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, no Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS). Mediou o evento, a psicóloga Evely Capdeville, mestra em Educação, conselheira secretária e coordenadora da Comissão de Formação Profissional do CRP-MG.

Ao abrir o evento, a conselheira Evely Capdeville convocou a plateia a lutar pela derrubada do veto presidencial ao Projeto de Lei 3688/2000, que insere psicólogas(os) e assistentes sociais na rede pública de ensino: “precisamos de uma escola de qualidade, com condições dignas para estudantes e docentes, que proporcione o desenvolvimento humano em todos os sentidos. Lutemos e permaneçamos unidas e mobilizadas”. A conselheira também alertou: “a mesma escola que educa muitas vezes inferioriza, menospreza o conhecimento dos sujeitos, é palco de disputas, estabelece estereótipos”.

Sistema excludente – Helena Dias iniciou a fase de apresentações afirmando que a escola tem uma perspectiva fundamental na garantia de direitos, mas a estrutura do ensino brasileiro não é de caráter universal. “Embora exista uma tendência de democratizar o acesso e possibilitar a permanência é necessário compreender que tudo tem origem nas desigualdades sociais. Vivemos em um sistema educacional extremamente excludente, diferenciando os sujeitos”, analisou.

Ao fazer um histórico das ações colocadas em prática no país visando a democratização do acesso, a assistente social frisou a urgência da criação de outros programas garantidores, sobretudo para a permanência dos alunos oriundos de camadas populares nas instituições de ensino e o futuro ingresso no mercado de trabalho.  “Pensar na construção de uma ação mais ampla para nós torna-se imprescindível.  Condições objetivas e subjetivas propondo alternativas de enfrentamento”, concluiu.

Na sequência, a psicóloga Natália Colen abordou o racismo nas universidades. “A universidade no Brasil retrata a nossa sociedade. Temos dois processos que marcam nossa subjetividade: o processo de colonização e depois de escravidão. Foram processos violentos que trazem marcas para a nossa universidade. A formação da universidade é restrita e racista.  Os estudantes de camadas populares chegam pouco, mas os negros chegam ainda menos. A universidade tem suas bases marcadas por estrutura excludente. Não é universal”, ressaltou.

A convidada também advertiu sobre a ideia da meritocracia: “a concepção do mérito é muito marcante nas universidades públicas, embora exista um percurso muito importante de democratização”.

“A estrutura da universidade pública brasileira não vai mudar pois a base social do país é essa; mas precisamos pensar nas possiblidades de fissura com a entrada de sujeitos negros, causando importantes deslocamentos institucionais e interpessoais”, afirmou.

Assista o encontro, na íntegra:



– CRP PELO INTERIOR –