Educação inclusiva pauta live do CRP-MG

Profissionais compartilharam reflexões e experiências com o público na série Saúde Mental de Janeiro a Janeiro

O mês de abril possui marcos importantes para os contextos da Psicologia e dos Direitos Humanos. Quatorze de abril é o Dia Nacional da Luta pela Educação Inclusiva, data criada por meio de uma iniciativa do Conselho Federal de Psicologia (CFP) em 2004, com o intuito de mobilizar psicólogas(os) na defesa de políticas públicas a favor da inclusão escolar. Além disso, 19 de abril é o Dia dos Povos Indígenas, um marco importante na defesa dos direitos desses povos, na celebração de sua cultura e história e no combate a preconceitos ainda existentes nos dias atuais.

Tendo essas datas como ponto de partida, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) promoveu na noite da última terça-feira, 30/4, a live “Educação e inclusão: diferenças na produção da convivência escolar”, como parte da série Saúde Mental de Janeiro a Janeiro.

A pós-doutora em Educação Especial e em Educação, Alexandra Anache, lembrou que muitos pontos precisam ser considerados na construção de uma educação que seja realmente inclusiva: “Precisamos criar projetos políticos pedagógicos adequados, ter políticas eficientes, um sistema articulado de educação e maiores investimentos. Isso porque trabalhar na construção de uma escola inclusiva exige investimentos, tanto na formação docente, quanto na infraestrutura, na política de informação, no acesso à tecnologia e na parte de acessibilidade arquitetônica. Enfim, é um conjunto de coisas que nós precisamos implementar dentro da escola”.

A palestrante pontuou que, muitas vezes, métodos adotados no ambiente escolar como inclusivos acabam gerando efeitos opostos ao esperado. “Que tipo de inclusão nós estamos propondo? É uma inclusão marginal? É só colocar a criança com um atendente, oferecendo um apoio específico para fazer as coisas para ela e não com ela? Essas são perguntas que precisamos fazer”, alertou.

A pesquisadora no Grupo Interdisciplinar de Estudos em Educação Inclusiva e Necessidades Educacionais Especiais e no Grupo Corpos Mistos (FaE/UFMG), Ana Carolina Ferrari lembrou que é importante se ter em mente a diversidade dos povos originários do nosso país, que frequentemente é ignorada: “No Brasil ainda há o imaginário de que temos um único povo indígena, quando na verdade temos 305 povos indígenas, 274 línguas indígenas orais, fora as diversas línguas indígenas de sinais”.

Para a convidada, as áreas de saúde e educação têm muito a contribuir uma com a outra, na busca por um espaço escolar que respeite e acolha as diferenças. “A gente precisa pensar que, mesmo tendo as políticas públicas, elas emanam das necessidades sociais e essas necessidades são formadas por pessoas. Então esse diálogo saúde-educação (e que envolve o psicólogo) precisa trazer essa visão. Eu tenho um sujeito, mas o que aquele sujeito demanda? Que olhar eu preciso ter para ele, para além de um diagnóstico?”, provocou.

O encontro foi mediado pelo coordenador da Comissão de Orientação em Psicologia Escolar e Educacional (COPEE) do CRP-MG, Celso Tondin. O psicólogo lembrou os desafios existentes e os cuidados necessários no que tange à busca por uma educação acessível: “A inclusão não é perfeita, tem muitos desafios, mas ela tem um direcionamento muito consolidado, e o cuidado que precisamos ter em não tornar a política pública nacional refém de interesses de mercado”.

O conselheiro ainda reforçou que a pluralidade das pessoas e a individualidade de cada uma precisam ser consideradas na construção de políticas públicas. “Estamos falando das diversidades, das formas diferentes de existir, de se colocar, aprender e se desenvolver, e não de uma patologia e um processo que, mesmo em nome da inclusão, produz exclusão”, pontuou.

A live está disponível, na íntegra, no canal do CRP-MG no YouTube. Assista:



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