Encontros no Conselho Especial Mulheres aborda diversidade sexual feminina

Fortalecer a discussão acerca das principais demandas de mulheres lésbicas e bissexuais e divulgar o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), por meio do GT Psicologia e Diversidade Sexual, como espaço para apresentar essas pautas. Esses foram os objetivos da Roda de conversa “Mulheres, lesbianidade e bissexualidade: expressões para além da heteronormatividade”, realizada na segunda-feira (16/3), na sede do CRP-MG. O evento integrou o ciclo de debates “Encontros no Conselho Especial Mulheres”, que tem agenda nos próximos dias 23 e 30 deste mês. (Clique aqui para ver as fotos).

Dalcira Ferrão, psicóloga, conselheira do CRP-MG e coordenadora do GT Psicologia e Diversidade Sexual, conduziu o debate com as convidadas Julinéia Soares, mestranda em Estudos Psicanalíticos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), bissexual militante pela Rede Afro LGBT Mineira; e Rafaela Vasconcelos, doutoranda em Psicologia Social (UFMG), integrante da Equipe de coordenação do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT – NUH/UFMG.

Segundo Dalcira, o tempo todo, psicólogas e psicólogos tem lidado com sexualidades cada vez mais amplas, que não se enquadram em modelos e não podem ser consideradas desvios. No entanto, “temos tido dificuldade em acolher as demandas dessas diversidades. Por isso é tão importante a existência desses debates e a representação de cada segmento da sigla LBGT no nosso Grupo de Trabalho, pois quem irá falar melhor dos problemas é quem vive cada realidade”, pontuou a conselheira do CRP-MG.

Invisibilidade –
 Ao iniciar o debate, Julinéia Soares colocou que a principal dificuldade dos bissexuais é ainda não ter visibilidade. “É difícil combater a bifobia, pois não existimos. As pessoas tentam encontrar uma dominância no nosso comportamento cobrando se nos interessamos mais por homens ou por mulheres. Resistir a tanta opressão é muito doloroso e o preconceito é tão forte que há quem defenda que bissexual deve se relacionar somente com bissexual”, disse a ativista.

Ela encerrou sua apresentação afirmando que o CRP-MG é bastante valorizado nos movimentos sociais pelo seu engajamento, mas psicólogas e estudantes de psicologia devem estar cada vez mais atentas para saber lidar com as diferenças.

A questão das regulações sobre corpos ditos femininos, que constroem e vivenciam masculinidades foi a abordagem central de Rafaela Vasconcelos na roda de conversa. “Os grandes delitos femininos não seriam a masculinidade e a homossexualidade, como em homens, e sim aqueles relacionados a prostituição, ao adultério e ao aborto. Todos eles relacionados ao controle da sexualidade, a aparência e ao uso do corpo. É baseado nesta tríade que as experiências lésbicas são rodeadas de afirmativas legetimadoras como “mulher lésbica é objeto de fantasia sexual” ou “mulher lésbica é assim porque não teve uma figura paterna na infância”, sentenciou.

Para ela, muitas lésbicas estão cultivando estratégias de resistências a violências físicas e simbólicas. No entanto, no que se refere a políticas públicas de prevenção a DSTs e a Aids, por exemplo, para a população lésbica é dito que não há dados sobre incidência relevante nesta população “e nós psicólogas temos que nos atentar a que fronteiras estamos vigiando: da saúde integral do indivíduo ou das fronteiras da heteronormatividade”, finalizou.



– CRP PELO INTERIOR –