Entrevista: Conselheiro referência do Crepop reforça importância da participação efetiva das(os) psicólogas(os) na pequisa sobre prevenção da autolesão, suicídio e posvenção

As contribuições podem ser enviadas até domingo (31) é aberta a todas(os) as(os) profissionais da categoria

Termina neste domingo (31) o prazo para as(os) psicólogas(os) participarem da pesquisa quantitativa sobre atuação dos profissionais em políticas públicas de prevenção da autolesão, do suicídio e posvenção realizada pelo Sistema Conselhos de Psicologia, por meio do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop). A análise tem por objetivo subsidiar a produção de referências técnicas sobre o assunto. Clique aqui para acessar o formulário referente à primeira etapa de coleta de dados.

O conselheiro referência do Crepop no Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), Luiz Felipe Cardoso, fala sobre a importância da cooperação da categoria com esse tema: 


A pesquisa sobre atuação de psicólogas(os) em políticas públicas de prevenção da autolesão, do suicídio e posvenção pretende subsidiar a produção de referências sobre o tema. Na prática, qual a função de uma referência técnica para a(o) psicóloga(o)?

Desde a sua criação em 2006, o Crepop tem um importante papel técnico, ético e político, na medida em que visa oferecer diretrizes para a prática profissional da psicóloga e do psicólogo no âmbito das políticas públicas, a fim de colocar a Psicologia, como ciência e profissão, a serviço da transformação social. Nesse sentido, uma referência técnica tem como proposta mapear e dar voz as(os) profissionais protagonistas que atuam nas diversas políticas públicas e que muitas vezes tem sua prática isolada, sem compartilhar questões em seu dia a dia de trabalho com outras(os) colegas da área. Quantas vezes não escutamos falas do tipo “Ah, não estou sozinha(o)… Nossa também passo por isso no meu trabalho”. Dessa forma, abre-se possibilidade de rever a práxis e até mesmo de ampliá-la a partir do que foi consolidado nas referências. É importante ressaltar que não se trata de um movimento vertical, no qual o Sistema Conselhos busca impor para a categoria diretrizes para atuar, mas um convite horizontal na construção de referências e sistematização dessas experiências, de forma a alinhar aos desafios profissionais colocados pelo campo das Políticas Públicas em questão. O resultado de tudo isso é um exercício reflexivo sobre a atuação a partir das próprias realidades e experiências das(os) psicólogas(os). É um conhecimento construído por meio de uma metodologia de pesquisa que não é só acadêmica, mas que busca se alinhar a particularidade dos desafios de trabalho destas(es) profissionais.

Haverá uma coleta quantitativa na etapa nacional da pesquisa. Com essa fase o objetivo do Centro de Referência seria materializar as discussões em voga da temática analisada ?

Exatamente. Isso ocorre justamente para poder inferir quanti e qualitativamente os resultados encontrados a fim de compor material para a análise do tema pesquisado. Nesse sentido, é que permite-se realizar um mapeamento sobre as diferentes práticas e os diversos campos de atuação das/os psicólogas/os em Políticas Públicas.

No âmbito regional, o Crepop vai conduzir grupos e entrevistas realizadas por videoconferência. A pesquisa visa contemplar grupos prioritários nesta análise ?

Sim. A etapa de realização dos grupos é extremamente importante para a produção de dados, uma vez que permite à equipe técnica do Crepop aprofundar sobre as experiências dessas profissionais para além do que está posto no questionário. Essa etapa visa qualificar os dados. Há vários grupos prioritários incluídos nesta etapa, entre eles de psicólogas e psicólogos inseridas(os) nos contextos Socioeducativo, prisional, em territórios indígenas, nas instituições de Ensino Superior públicas, na educação básica, com as Juventudes, com a população LGBTQIA+, com os povos quilombolas, dentre outros.

Qual o maior desafio de elaborar referências técnicas sobre o tema em questão (prevenção à autolesão e ao suicídio e na posvenção)?

Acredito que o maior desafio desta pesquisa é a complexidade tanto do tema quanto dos diferentes recortes, populações e contextos envolvidos. É conhecido que a questão da prevenção e pósvenção à autolesão e ao suicídio é algo que está presente em todos os espaços sociais e tratada, muitas vezes, de maneiras muito singulares. Por isso, mapear as práticas e intervenções das(os) psicólogas(os) nesse contexto se faz uma tarefa difícil, visto que essas(es) profissionais, embora atuem em equipamentos de diversas políticas públicas, e que em tese deveriam atuar em rede, frequentemente não compartilham experiências. 

E como esse assunto tem sido tratado, de forma ampla, pela sociedade? 

Esse tema ainda é visto com muito desprezo e estigma em nossa sociedade e as formas de acesso a essas práticas, muitas vezes, são poucas conhecidas. Nem sempre as formas de intervenções são as mesmas nos diferentes campos. Por exemplo, no contexto prisional há elementos muito singulares na prática psicológica sobre esse tema que envolvem a própria experiência do sofrimento da privação da liberdade, as condições insalubres das unidades prisionais, dentre outras. Já nas escolas ou universidades são outras questões que se apresentam, assim como com os povos indígenas e quilombolas ou com a população LGBTQIA+. Dessa forma, sistematizar tantas práticas distintas é um desafio, mas ao mesmo tempo abre uma importante oportunidade para que possamos construir referências comuns a prática psi nesses espaços.

Participe

Etapa nacional: os dados são coletados por meio de um questionário on-line composto por questões fechadas e abertas. Para contribuir com esta etapa, acesse o questionário.
As contribuições ao questionário nacional serão recebidas até 31 de outubro.

Etapa regional: em Minas Gerais, o Crepop conduzirá grupos e entrevistas realizadas por videoconferência. Esta etapa terá como enfoque a investigação da atuação profissional na prevenção à autolesão e ao suicídio e na posvenção com os seguintes públicos e/ou nos setores e serviços:

– Povos indígenas
– Povos quilombolas
– Mulheres em Situação de Violência
– LGBTIs
– Juventude
– Profissionais de Segurança Pública
– Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
– Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI)
– Universidades Públicas e Institutos Federais
– Educação
– Assistência Social
– Serviços relacionados à igualdade racial
– Setor de Desenvolvimento Rural ou de Agricultura
– Sistema Prisional
– Socioeducativo

O Crepop/MG também busca psicólogas(os) que atuem com essa temática nos seguintes municípios: Araçaí, Brás Pires, Cedro do Abaeté, Cipotânea, Conquista, Consolação, Coromandel, Córrego do Bom Jesus, Ferros, Fortuna de Minas, Grupiara, Ingaí, Itamogi, Itatiaiuçu, Jeceaba, Jequitibá, Limeira do Oeste, Luminárias, Luz, Natalândia, Paineiras, Pirajuba, Presidente Kubitschek, Queluzita, São Sebastião do Oeste, Senhora do Porto, Tapira, Tiros e Turvolândia.

Se você atua com as populações ou políticas públicas ou nos municípios listados acima, participe da pesquisa! As(Os) profissionais interessadas(os) em participar das entrevistas e grupos a serem realizadas pelo CRP-MG, por videoconferência, devem preencher o formulário até dia 31 de outubro.

A participação nas etapas quantitativas e qualitativas é voluntária e todos os dados pessoais ou quaisquer informações que possam gerar identificação não serão disponibilizados em hipótese alguma, assegurando a confidencialidade, o sigilo e a privacidade daquelas(es) que fizerem parte da pesquisa.



– CRP PELO INTERIOR –