Entrevista: Suellen Fraga explica propostas da chapa 11 às eleições do CRP-MG

Psicóloga contextualiza principais desafios para o grupo candidato à gestão da autarquia 2022-2025

O processo eleitoral do Sistema Conselhos de Psicologia em 2022 entra na reta final. Na próxima semana, de 23 a 27 de agosto, toda a categoria de psicólogas(os) regularmente inscrita nos CRPs participarão deste momento democrático da profissão, escolhendo os grupos que irão administrar as autarquias nos estados e o CFP. Confira aqui como participar. Em Minas Gerais, a Comissão Regional Eleitoral (CRE) homologou, no dia 3 de maio, a única chapa inscrita no pleito: Frente Mineira da Psicologia pela Democracia ou chapa 11.

Nesta entrevista, que compõe as informações do processo eleitoral em Minas, a psicóloga Suellen Ananda Fraga, encabeçadora da chapa, conta sobre as proposições da Frente Mineira da Psicologia pela Democracia.


Nestas eleições o Sistema Conselhos de Psicologia definiu como regra cotas para a inscrição de integrantes nas chapas. Qual a opinião da Frente sobre essa novidade? Isso pode mudar a visão da própria categoria a respeito das representações necessárias dentro das entidades da Psicologia? Pode, inclusive, alterar rumos da Psicologia enquanto ciência e profissão?

Consideramos avanço significativo na história da Psicologia brasileira a implementação do sistema de cotas para a composição das Chapas nas consultas feitas à categoria em período eleitoral. Composição esta, que a Frente Mineira da Psicologia pela Democracia, cumpre com orgulho por inaugurar uma formação de chapa tão potente em qualificação e pluralidade. Penso que a votação expressiva na Assembléia de Políticas Administrativas e Financeiras do Sistema Conselhos (a APAF) pela implementação das cotas, diz respeito a este movimento da categoria pela busca por representatividade das diversas psicólogas(os) dentro das entidades da psicologia. A exemplo, presenciamos no 11° congresso nacional da psicologia (2022), o maior congresso da psicologia brasileira, situações em que foram destacadas ações ao longo do congresso, que evidenciaram o quanto hoje a psicologia é composta por profissionais de diferentes grupos sociais; e que ali somaram maioria das psicólogas(os) presentes.

Assim compreendemos a implementação das cotas, como ação benéfica para a categoria e em prol da sociedade, no sentido de valorização dos diferentes marcadores que atravessam as representações humanas. Logo este empenho do Sistema Conselhos, possibilita que as novas proposituras de chapas incrementem ações que já estavam em pauta,
objetivando a aproximação das e dos representantes das, ditas minorias, que também fazem parte da profissão. Neste sentido, vemos a oportunidade de oferecer voz e atender demandas necessárias de uma categoria cada vez mais diversa e plural, trazendo assim contribuições para o crescimento técnico e científico da psicologia enquanto ciência e profissão. Acreditamos em ações como esta, que potencializam cada vez mais os rumos da profissão, reafirmando o compromisso social da Psicologia.

As chapas apresentam propostas de campanha mas têm consciência que seu grande norte de atuação são as deliberações do Corep e CNP. Como vocês estão conciliando todos estes norteadores para atuar no próximo triênio?

Além de integrantes na chapa atentas e pertencentes às demandas contemporâneas da categoria e sociedade, temos ciência e consciência de que as propostas amplamente discutidas tanto no COREP quanto no CNP, são originárias de um trabalho coletivo e vem ao encontro das demandas atuais da categoria. Pensamos que as diretrizes aprovadas são o norte do trabalho deste triênio; e a função do XVII plenário, será de trabalhar para o cumprimento das propostas, representando a categoria de psicólogas que as elegeram. Para que isto se efetive, planejamento e reuniões estratégicas junto às comissões do CRP, às entidades da psicologia e demais coletivos representativos, serão necessárias para a implementação das ações. Esta parceria entre CRP e os diferentes movimentos se fará em diálogo com a sociedade, com o Estado e com a categoria profissional, visando a primazia de um projeto ético-político em defesa dos direitos sociais, dos direitos humanos, das políticas públicas e da pluralidade, sem perder de vista o compromisso social e os princípios norteadores das teses advindas do 11º CNP.

Entre os princípios da chapa está o 9 “acreditamos em uma gestão que adote estratégias para se aproximar cada vez mais das (os) profissionais, em todas as regiões do estado, nos mais diversos contextos de atuação”. O grupo tem projeto destas estratégias? Como pretendem, em termos práticos, engajar a categoria na ideia de interiorização das ações?

Este princípio foi estruturado pela chapa, objetivando a interiorização das ações do CRP-MG e a participação efetiva da categoria nestas ações. Uma das principais estratégias é a presença de pessoas de diferentes regiões do estado integrando a Frente Mineira da Psicologia pela Democracia. Entendemos que este é um importante projeto político, capaz de incidir sobre a forma como as necessidades e especificidades de cada região serão representadas no próximo triênio.

Objetivamos atenção e presença nas subsedes do CRP-MG, com olhar sobre o fazer múltiplo e plural das demandas sociais da psicologia, de acordo com cada necessidade urgente e emergente que se apresente, ampliando as comissões temáticas já existentes para o interior, atendendo assim às novas demandas e ajustando estratégias que a serem colocadas em prática. Outra ação, já em curso e que pretendemos expandir é a manutenção de eventos realizados no formato online/híbrido, facilitando a participação da categoria que, por razões distintas, não conseguem participar presencialmente, mas que ao longo dos últimos anos, compreendemos o quanto ampliou as possibilidades de participação da categoria,nas ações de orientação do Conselho .

Em quanto tempo pretendem implantar a proposta de “criar uma Comissão para acompanhar e defender a categoria, juntamente com o Sindicato, quanto a editais e concursos públicos, observando a adequação de conteúdo, bibliografias, pré-requisitos, carga horária e salário compatível à função”?

Esta é uma demanda da categoria, da qual estamos atentas para organizarmos enquanto representantes na qualidade de plenário eleito. Sem dúvidas o planejamento estratégico a ser realizado nesta condição, nos dará maior subsídio de estratégia para entender possibilidades de prazos para as ações, com cuidado e precisão que as complexidades de cada compromisso vão nos exigir. A parceria e trabalho com o Sindicato das Psicólogas de Minas Gerais, seguirá sendo fundamental para a organização dos trabalhos.

A chapa já tem definida como será a estratégia para “ampliar as ações de orientação e fiscalização permanentes da Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) e da Comissão de Orientação e Ética (COE), estimulando o desenvolvimento qualificado e a proteção do exercício profissional das (os) psicólogas (os)?

Entendemos que inicialmente se faz necessário compreender as principais demandas que a Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) e a Comissão de Orientação e Ética (COE),
atendem em maior escala atualmente. O levantamento desses dados atualizados, nos possibilita ter maior nitidez de quais estratégias e produtos no campo da orientação e fiscalização, podem ser melhor desenvolvidos a partir dos recursos do Conselho, para que alcancem a categoria e sociedade de formas cada vez mais acessíveis e efetivas.

Para encerrar, de maneira geral, qual o maior desafio que vocês acreditam ter para os próximos três anos?

Acreditamos que os desafios são necessários frente a importância do trabalho junto à categoria, a partir do Sistema Conselhos, mas dentre eles estamos atentas para trabalhar e cumprir as propostas aprovadas no COREP e CNP, manter as articulações e diálogos constante com a categoria, as entidades parceiras e sociedade de forma geral.
Fluindo ainda para as ações de forma harmônica, juntamente com os funcionários do CRP objetivando assim atender as demandas que nos competem, além de realizar ações que contribuam para a promoção da saúde (especialmente a mental), a valorização das subjetividades e a proteção/promoção dos Direitos Humanos (pauta que temos em comissão permanente do Conselho inclusive), por uma vida digna para todas as pessoas.



– CRP PELO INTERIOR –