Erotização da mulher negra é tema de programa de rádio

O programa de rádio Psicologia em Foco desta quarta-feira, 9/3, discutiu a erotização da mulher negra.  A convidada foi a psicóloga Cássia Reis Donato. Ela é mestre em Psicologia Social e atua nos campos de ações coletivas e movimentos sociais, relações de gênero, relações raciais, juventudes e violência.

Cássia explicou que o racismo e o machismo são sistemas de opressão que estruturam e influenciam a forma de funcionamento da nossa sociedade. “É algo cultural e relacionado também ao modo como as nossas relações de poder foram sendo construídas, e a mulher negra faz parte desses grupos que foram sendo desprivilegiados nessa dinâmica”, afirmou.

A psicóloga também relatou que as mulheres negras vivem uma série de opressões e violências cotidianas: recebem salários inferiores, são as maiores vítimas de aborto inseguro e sofrem mais agressões que mulheres brancas. “Elas também são vítimas do feminicídio. Morrem mais jovens negras do que outro grupo de mulheres”, disse. Cássia também declarou que na mídia as mulheres negras, especialmente, são vistas de forma mais sexualizada pelo estereótipo da hipersexualização. “Esse estereótipo diz que as mulheres negras devem estar à disposição sexualmente, satisfazendo as vontades dos homens. Isso é uma consequência do machismo e do racismo. As mulheres negras historicamente são vistas como ‘boas de cama’, que servem bem para o sexo e que por outro lado são preteridas para um relacionamento estável ou não consideradas ideais para ocupar outro espaço na sociedade”, explicou.

Cássia também afirmou que na Psicologia clínica algumas mulheres negras buscam atendimento profissional para relatar casos de machismo, solidão afetiva, política e, consequentemente, apresentam um sofrimento psíquico, mas encontram pouco acolhimento. Ela ainda ressaltou o papel do trabalho doméstico, que ainda é visto como algo que compete às mulheres. “É um tipo de trabalho negado como trabalho, apesar de ser pesado. É naturalizado como uma profissão de mulheres e por isso ele é inferiorizado. Além disso, o machismo ainda sustenta as lógicas tanto de acesso aos direitos como de deveres”, afirmou.

O programa de rádio Psicologia em Foco é uma parceria do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais com a Rádio Inconfidência. Se você não pode ouvir a entrevista completa, utilize o player abaixo.



– CRP PELO INTERIOR –