Evento debate Educação Especial na perspectiva inclusiva no Brasil

Conversa também comentou as consequências da falta de políticas públicas efetivas

Em 14 de abril, celebra-se o Dia Nacional de Luta pela Educação Inclusiva. A data foi instituída em 2004, pelo Sistema de Conselhos de Psicologia com o objetivo de mobilizar psicólogas(os) para a política que vem sendo construída em prol de pessoas que, historicamente, são excluídas do processo educacional. Em virtude do dia, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou a live “A Educação Especial no Brasil na perspectiva inclusiva”. A atividade contou com a participação das intérpretes de libras, Regiane Garcêz e Rosane Lucas de Oliveira.

Confira o evento na íntegra:

A mediadora da conversa foi a doutora em Psicologia Social e membra da Comissão de Orientação em Psicologia Escolar e Educacional do CRP-MG, Deolinda Turci. Deolinda ressalta a importância do assunto, principalmente em vista do Decreto 10502/20 que, mesmo suspenso pelo Superior Tribunal Federal, trouxe ameaças para a Educação Especial no Brasil. A psicóloga também ressaltou a necessidade da Psicologia discutir suas contribuições com essas práticas escolares e com as políticas públicas.

Ensino remoto e exclusão – Uma das convidadas da live foi a psicóloga e doutora em Psicologia Social na área de Educação Especial, Biancha Angelucci. Em sua fala, Biancha comenta que a educação inclusiva diz respeito a um compromisso ético da educação como um todo, de se reposicionar e refazer seu comprometimento com a universalidade desse direito humano. Além disso, ela aponta que a pandemia colocou os sujeitos da Educação Especial de lado quando se montaram os programas de ensino remoto. “Vamos para um ano e meio de ensino remoto, um ano e meio da política de apagamento dessa juventude nas nossas escolas regulares e comuns, um ano e meio em que ‘a gente vê depois o que faz’”, explica.

A psicóloga explicita que esse jeito de pensar está presente na proposta do governo federal, com a Política Nacional de Educação Especial, que, segundo ela, promove a segregação de estudantes com deficiência, usando como artifício um suposto clamor das famílias para essa medida. “Isso não está como demanda de familiares em nenhuma Conferência de Direitos de Pessoas com Deficiência, em nenhuma das Conferências Nacionais de Educação, não faz parte dos estudos produzidos em Educação e Educação Especial”, completa Biancha. Nesse sentido, ela fala da importância de se ter coletivos de estudantes com deficiência nas redes de ensino como um grupo que pode reivindicar seus direitos e participar da produção e sustentação de políticas públicas.

Inclusão em todos os espaços – Quem também participou da atividade foi a doutoranda em Psicologia, com experiência profissional no atendimento especializado a pessoas com deficiência e com atraso no desenvolvimento, Cassiana Saraiva Quintão. Cassiana ressalta que a educação inclusiva perpassa todos os níveis, desde a criança até alguém que está na pós-graduação. “Quando se pensa em uma educação inclusiva, o objetivo é garantir a igualdade de oportunidade para essas pessoas, também, em outras áreas, como prepará-las para o mercado de trabalho, para viver em sociedade, ter autonomia, qualidade de vida”, complementa.

Ela reforça que, com a pandemia, a segregação nos ambientes de ensino está mais evidente e questiona se estudantes e profissionais com deficiência estão acessando uma educação de qualidade. “Isso ainda precisa ser trabalhado de forma mais clara pelas instituições: como vou garantir o acesso a um aluno com deficiência? Como vou promover esse ambiente de atividade remota da melhor maneira possível?”, finaliza a doutoranda.

Referências sugeridas – Durante a live, as participantes indicaram referências sobre educação inclusiva:

Re-thinking autism: diagnosis, identity and equality

Parecer de Comitê da ONU sobre educação inclusiva

Atuação profissional do agente de inclusão escolar: um estudo sobre os sentidos e significados constituídos por um deles 

Inclusão de estudantes com diferenças funcionais

Aplicativos gratuitos para smartphone:
Cozy Magnifier e Microscope (funciona como lupa eletrônica)
@voice (Leitor de textos para IOS IPhone)
Speak4Me (Leitor de tela)



– CRP PELO INTERIOR –