09 maio Evento no CRP-MG abre espaço para reflexões sobre desafios e retrocessos na saúde coletiva
No mês em que se valida mais um ano da luta antimanicomial, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) dedica o ciclo de eventos Psicologia em Foco à temática. Nesta quarta-feira, 8/5, a abordagem foi sobre “Os desafios à saúde coletiva em tempos de ódio”.
Para compor a mesa, participaram a enfermeira e coordenadora nacional da Marcha Mundial das Mulheres, Bernadete Monteiro; e a psicóloga, representante do CRP-MG na Comissão Municipal de Saúde Mental, Janaína Dornas. A mediação foi feita pela conselheira e integrante das comissões de Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual e Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG, Dalcira Ferrão.
“Estamos em um momento de crise mundial”, iniciou Bernadete Monteiro. Crise dos sistemas capitalista, racista e patriarcal. Segundo a enfermeira, diante deste cenário o capitalismo tem se movimentado para retomada de taxas de lucro que não estariam sendo alcançadas. Neste contexto político, ela considera que há uma ofensiva neoliberal que resgata o conservadorismo como um elemento central para implementar o seu projeto. “Vê-se uma mudança de perspectiva do Estado, que seria o “Estado-Empresa”, lamentou.
Bernadete também ressaltou que há um ataque às políticas sociais e, sobretudo, ao SUS e à educação. Na atual conjuntura, ela cita como desafio o fato de que é preciso reconhecer o momento de resistência pelo qual passa o Brasil, em que é preciso lutar para não haver retrocesso de direitos, a exemplo de uma luta intransigente pelo SUS e pelas políticas de Saúde Mental. É necessário, também, aumentar o nível de organização social e produzir lugares de cuidado, pois, segundo a enfermeira, “a história da humanidade é de luta e de possibilidades de transformação”.
Janaína Dornas explanou sobre o desmonte no SUS e a importância dos direitos humanos. “Atualmente, a banalização da vida está em voga em um lugar muito delicado. Nós, psicólogos e demais profissionais da saúde, precisamos pensar sobre isso”, reforçou. No contexto da saúde coletiva, a psicóloga ressaltou que se vive um momento de saúde higienista, onde há uma preocupação com questões patológicas em detrimento da trajetória de vida dos indivíduos: “a história de vida das pessoas é fundamental para pensar a saúde como um todo”.
Segundo Janaína, em tempos de ódio, quem defende pautas como respeito aos direitos humanos e à diversidade fica ameaçado, e que, em um cenário de perda de direitos e retrocesso, é sabido os efeitos adoecedores para vida de todas(os).