Live aborda cuidados com psicólogas(os) durante a pandemia

Atividade também divulgou ação do Conselho que busca provocar a categoria Psi a refletir sobre os efeitos do contexto pandêmico na própria saúde

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou a live “Saúde mental de psicólogas(os) em tempos de pandemia: quem cuida de quem cuida?”. A atividade compôs a programação da iniciativa Saúde Mental de Janeiro a Janeiro e pautou consequências que o contexto da pandemia de Covid-19 tem gerado para a categoria. Durante a transmissão, também foi apresentada a proposta do projeto Cuidar de quem cuida.

Confira o evento na íntegra:


O encontro foi mediado pela coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do CRP-MG, Cristiane Nogueira. Em sua fala, Cristiane comentou sobre a criação do projeto, que foi idealizado por representantes das Comissões de Orientação Mulheres e Questões de Gênero; em Psicologia e Clínica; em Psicologia de Emergência e Desastres; e Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. “Um ano depois, parece que a questão pesa novamente sobre os ombros da categoria. Resolveu-se, portanto, privilegiar essa temática dentro da campanha da Saúde Mental de Janeiro a Janeiro”, explica a coordenadora.

Para fomentar o debate, a convidada da live foi a psicóloga com especialização em Saúde Mental e Clínica e consultora em Saúde Mental no Trabalho, Cida Cruvinel. Cida expõe como a pandemia afeta as três fontes de sofrimento humano. A primeira fonte é o ambiente externo, condensado no vírus que ameaça todas(os) 24 horas por dia. Isso, segundo ela, também tem a ver com a segunda fonte, o corpo das pessoas, que também é afetado pelo vírus. Além dessa ameaça, para a psicóloga, o corpo está privado do afeto e, por isso, passa a vivenciar um desamparo. Por fim, a última fonte são as relações interpessoais que sofrem consequências pelo medo de contaminação.

“Então esse lugar de trabalho, de escuta, de estar à disposição de muita gente, alguns de forma presencial e outras(os) adaptando-se ao home office, afeta a nossa saúde mental”, afirma. Dessa forma, Cida questiona quem escuta as(os) psicólogas(os) e responde a pergunta mostrando que é a própria categoria, por meio de supervisões e sessões de psicoterapia. Ela vê a solidariedade como um mecanismo para que se encontrem saídas: “precisamos olhar para essa condição nossa, olhando para a natureza do nosso trabalho, como ele nos afeta e buscar afetos”.

A live também contou com a presença da coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia e Clínica, Paula Khoury. Paula aponta que a categoria é composta majoritariamente por mulheres que, além do trabalho, precisam dar conta da família, de filhas(os) e da casa. Paralelo a isso, a psicóloga comenta sobre o aumento na procura pelo Conselho para diferentes situações, desde orientações para o atendimento on-line até casos graves e de crises. “Nos sentimos muito provocadas e pensamos na necessidade de discutir a saúde mental, a partir das relações de trabalho que nós, enquanto psicólogas, estamos construindo novamente”, explica.

No entanto, a coordenadora evidencia que essa discussão não pode ser vista como algo individual e específico para cada profissional. Para Paula, assim como não se deve individualizar o sofrimento de pacientes, não se pode atribuir unicamente à(ao) psicóloga(o) a possibilidade de inventar soluções. “É importante pensar no trabalho muitas vezes solitário da categoria, em especial das psicólogas clínicas. Se apostamos nas saídas pelo coletivo, mas a atuação é individual, como fazemos para nos conectar e pensarmos em saídas junto com a categoria, que não seja algo solitário e individual?”, questiona a conselheira.

Cuidar de quem cuida – O CRP-MG, por meio da atuação integrada das comissões de Orientação Mulheres e Questões de Gênero; Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas; Psicologia de Emergências e Desastres; e Psicologia e Clínica, está desenvolvendo um conjunto de ações para provocar a categoria Psi a refletir sobre os efeitos do contexto pandêmico atual na própria saúde, e encontrar saídas coletivas de cuidado, que amenizem os estresses, os medos, as incertezas, as angústias e os lutos.

Janeiro a Janeiro – A live integra o projeto “Saúde Mental de Janeiro a Janeiro”, uma proposta do Conselho Federal de Psicologia, que o CRP-MG aderiu por entender que a atenção em saúde mental precisa ser permanente, em todos os níveis de cuidado, com foco não apenas no indivíduo e suas subjetividades, mas em todas as coletividades.



– CRP PELO INTERIOR –