Live apresentou diferentes abordagens psicológicas e o enfrentamento ao racismo

Convidadas falaram sobre Psicologia Social, Gestalt-Terapia e Psicanálise

A segunda live da programação especial do Novembro Negro abordou o tema: “o enfrentamento ao racismo a partir de diferentes abordagens psicológicas”. A transmissão foi realizada pelo canal do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) no Youtube, no dia 19/11.

Na abertura, a psicóloga e conselheira do CRP-MG, Liliane Martins, recuperou a atuação do Sistema Conselhos de Psicologia na luta antirracista. “A atuação de psicólogas negras no Sistema Conselhos de Psicologia começou a ganhar força nos anos 90, mas somente nos anos 2000 foi incorporada de fato. Como resultado, foi produzida a campanha “Preconceito racial humilha e a humilhação faz sofrer”, em 2002 foi aprovada a Resolução nº 018 e, em 2020, no dia 20/11, ocorre o lançamento da campanha “Racismo: é coisa da minha cabeça ou da sua?”, enumera a conselheira.

A psicóloga Luciana Costa relatou experiências da graduação em Psicologia, do mestrado em Psicologia Social e da especialização em Gestalt-Terapia. “Fiz a graduação de 2006 a 2012 e não tive contato com a Resolução 18/2002 e isso é grave demais, mostra como a formação em Psicologia é limitada quanto ao tema do racismo”, denuncia.

Segundo Luciana, no mestrado em Psicologia Social ela se deu conta de que havia gostado da experiência de estar na clínica, mas não tinha ocupado esse espaço por não sentir que ele estava aberto à discussão sobre o racismo. Decidiu, então, investir na atuação clínica em um bairro periférico de Belo Horizonte, buscando um movimento diferente do usual, em que os atendimentos clínicos se concentram em bairros centrais e da zona sul da cidade. Nesse processo, ela também passou a fazer parte da Comissão de Orientação em Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG e conta que esse encontro com outras(os) psicólogas(os) negras(os) que buscam uma atuação antirracista na Psicologia abriu um conjunto de perspectivas muito relevantes. Na sequência, Luciana Costa fez a especialização em Gestalt-Terapia e também levou a temática antirracista para esse campo.

Referências e psicanálise – A psicóloga, psicanalista e coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia e Relações Étnicos-Raciais do CRP-MG, Thalita Rodrigues, realçou que a trajetória acadêmica das três participantes da live tem um ponto de convergência: o mestrado passou pela Psicologia Social.

“Isso é um dado importante, já conversamos na nossa Comissão de Psicologia e Relações Étnico-Raciais como é comum nos encontrarmos na Psicologia Social, o que é bom, mas o quanto é ruim isso ser quase um destino, a única possibilidade. Nós, psicólogas negras e negros, muitas vezes não temos a possibilidade de estar em outros espaços da Psicologia justamente porque percebemos o silêncio em torno da questão racial e, obviamente, nossos corpos negros falam mesmo antes de abrirmos a boca”, avalia.

Thalita Rodrigues mencionou referência teóricas que são importantes para sua atuação como pesquisadora no campo da Psicanálise e também como psicanalista na clínica. Ela destacou:

Frantz Fanon – “Pele negra, máscaras brancas”
Neusa Santos Souza – “Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social”
Grada Kilomba – “Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano”
Judith Butler – “Mecanismos psíquicos do poder: teorias sobre a sujeição”.

No doutorado, Thalita tem se dedicado a um conjunto de indagações relativas à raça.O ponto de partida é o pensamento do psicanalista francês Jean Laplanche.

Assista a live na íntegra:



– CRP PELO INTERIOR –