Live dialoga sobre questões suscitadas por reality shows

A partir da Psicanálise, live refletiu sobre reflexos das intolerâncias e violências psicológicas na saúde das pessoas

A 21ª edição do Big Brother Brasil está no ar e tem levantado diversas questões sociais, como xenofobia, racismo, violência psicológica e intolerância religiosa. Segundo o Twitter, o reality show da Rede Globo gerou cerca de 35.8 milhões de comentários na semana de estreia (25/01 a 31/01), um aumento de 795% na comparação com a edição anterior.

Atento a isso, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) promoveu uma transmissão em seu canal do Youtube, a fim de debater essas questões e seus impactos na sociedade.

Confira na íntegra:

A conselheira e coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do CRP-MG, Cristiane Nogueira, abriu o debate e mediou o encontro.

A convidada da transmissão foi a psicanalista, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Assim Mundial de Psicanálise, psicóloga, especialista em Saúde Mental e mestra em Psicanálise pela Universidade Federal de Minas Gerais, Cristiane Barreto.

Ao analisar a dinâmica do jogo e comparar com a realidade daqui de fora, a psicanalista observa: “acho que o que aparece em um reality show é um caldeirão de imaginários que promove obscenidades de grupos importantes e muito diferentes do que a gente convive no nosso cotidiano chinfrim, mas que é árido de suportar”.

Sobre o comportamento das(os) participantes do programa, Cristiane propõe: “é algo que se reproduz e que se modifica. Diante de um líder ou de um grupo você pode se movimentar de uma forma que não é a forma que você se movimentaria na sua ética cotidiana”.

A conselheira vice-presidenta do CRP-MG e colaboradora na organização de desenvolvimento humano CEDUCVR, Suellen Fraga, também participou do debate, e lembrou sobre o juízo que é imposto, fenômeno chamado de cultura do cancelamento, termo que também fez parte de diálogos no reality show. “Na tentativa de ganhar o prêmio ou de ter a imagem preservada, se impõe sobre determinadas pessoas que elas tenham posturas totalmente coerentes e, em um ambiente controlado e sob influência de outras variáveis, ela se comporta de forma que venha receber rejeição”, afirma.

Sobre os impactos desse juízo de valor, Suellen avalia: “me preocupa, pois pode colocar em questão lutas historicamente trabalhadas por movimentos, pela própria ciência e nas abordagens das redes sociais. Tudo se torna banalizado. Parece que se utiliza da forma que as pessoas estão se comportando para deslegitimar determinadas lutas, desconsiderando que as pessoas ali estão sujeitas a variáveis diversas”.

Janeiro a Janeiro – A live foi integra o projeto “Saúde Mental de Janeiro a Janeiro”, uma proposta do Conselho Federal de Psicologia, que o CRP-MG aderiu por entender que a atenção em saúde mental precisa ser permanente, em todos os níveis de cuidado, com foco não apenas no indivíduo e suas subjetividades, mas em todas as coletividades.

A proposta do CRP-MG é promover diálogos mensais sobre temas relacionados à saúde mental. O encontro do dia 23/2, foi o segundo realizado em 2021. O primeiro também pode ser assistido na íntegra no canal do CRP-MG.

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– CRP PELO INTERIOR –