10 abr Live do CRP-MG aborda gênero e práticas violadoras de saúde mental
Reestreia do “Saúde Mental de Janeiro a Janeiro” está disponível no YouTube
Na noite da última segunda-feira, 7/4, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) promoveu o primeiro episódio da série Saúde Mental de Janeiro a Janeiro em 2025. O tema da transmissão foi Gênero e práticas violadoras de saúde mental.
A convidada da transmissão foi Eliza Toledo, que possui licenciatura, mestrado e doutorado em História. A profissional também é autora da tese “A circulação e aplicação da Psicocirurgia no Hospital Psiquiátrico do Juquery, São Paulo: uma questão de gênero (1936-1956)”.
A pesquisa traz informações sobre o histórico da utilização da lobotomia no Brasil, especialmente em mulheres. Trata-se de um tipo de psicocirurgia, um procedimento realizado no cérebro principalmente em casos de esquizofrenia e comportamentos considerados agressivos.
Eliza relatou que a motivação para realizar o estudo se deu após consultar o arquivo do Hospital Psiquiátrico do Juquery (que funcionou no estado de São Paulo entre 1898 e 2021) e perceber que mais de 90% das intervenções cirúrgicas desse gênero realizadas no local, entre as décadas de 1930 e 1950, foram feitas em mulheres. Segundo a convidada, os prontuários médicos consideravam os resultados satisfatórios quando as pacientes se tornavam mais “calmas e obedientes”.
A pesquisadora observou a inexistência de preocupação com as consequências que essas intervenções poderiam acarretar na saúde e na individualidade. “Nota-se que existia uma tentativa de controle comportamental e uma expressão que me toca muito, no sentido da vivência dessas mulheres, é o apagamento de subjetividades, tendo em vista que a psicocirurgia poderia gerar diversas sequelas de ordem psicológica e motora, inclusive apagamento de memória”, relata.
A anfitriã da transmissão foi a conselheira do CRP-MG Cristiane Nogueira, coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia de Emergências e Desastres e integrante da Comissão Permanente de Orientação e Ética da autarquia.
A psicóloga ressaltou que a pouca presença de mulheres no campo científico influenciou historicamente algumas ideias amplamente aceitas na sociedade. “É sempre importante sublinhar como a ciência e a medicina são majoritariamente masculinas, feitas, construídas e realizadas por homens. Além disso, elas trazem relações de poder legitimadas e um discurso que impera como verdade social”, pontuou a anfitriã.
A live está disponível, na íntegra, no canal do CRP-MG no YouTube. Assista: