Live reflete sobre saúde mental no ambiente do futebol

CRP-MG continua a debater o assunto na próxima terça-feira, dia 6, em seu canal no youtube

A série Saúde Mental de Janeiro a Janeiro trouxe para a edição de novembro, no último dia 29, o assunto “A Psicologia na Copa do Mundo de futebol do Catar”, pois diante de tantas violações de direitos que vem ocorrendo no país sede do campeonato, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) compreendeu a importância deste debate junto à categoria. Tanto que a próxima live, marcada para a próxima terça-feira, 6, continuará com a temática.

Na live deste dia 29 estiveram como convidadas(os): Emmi Myotin, psicóloga (UFMG), bacharel e licenciada em Educação Física(USP), mestra em Ciência do Movimento Humano (UFSM), mestra em Psicologia (UFMG), doutora em Psicologia Social (Loughborough University – Inglaterra), pós-doutora em Psicologia (UFMG), professora convidada do Departamento de Psicologia da UFMG, vice-líder do Grupo de Estudos em Psicologia Social do Esporte do Departamento de Psicologia da UFMG; Michelle Rios, mestranda em Psicologia do Esporte (SIPD Espanha), bacharel em Psicologia Geral (Grambling State University EUA), bacharel em Psicologia (PUC-Minas), especialista em Futebol (UFV), especialista em Psicologia do Esporte (CEPPE), com formação em Terapia Cognitivo Comportamental (IWP) e em Psicologia do Esporte (SP); e Ricardo Leão, gerente de Projetos da CBF. Mestre em Humanidades, Gestão e Direito do Esporte (FIFA Master), mestre em Ciências do Esporte e Bacharel em Educação Física (UFMG).

Ao abrir a live, a conselheira do CRP-MG, Paula de Paula, que mediou a atividade, ressaltou que saúde mental é um direito a ser conquistado. “Nós sabemos que ela é produzida ou não pelas condições materiais e econômicas de um povo, do modo como o povo se organiza politicamente, seja pela via da solidariedade ou do ódio e pela sua produção cultural; e o esporte é uma produção cultural. No nível de uma copa do mundo, ele funciona muito mais como business e sabemos que as instituições não estão nem aí para o que os atletas pensam e sentem”,  assinalou, reforçando que aos atletas é imposto um silenciamento quando desejam fazer manifestações contrárias ao que as instituições orientam.

Na fase de apresentações para provocar o debate, a psicóloga Emmi Myotin foi a primeira a falar. Segundo ela, nesta copa o discurso de ódio discriminatório para com atletas e treinadores tem sido feito principalmente de forma on-line. Com base nesta afirmação provocou o público perguntando: “como podemos discutir e analisar os efeitos na saúde mental dos atletas? E quais seriam esses transtornos mentais causados por essa discriminação? Será que o atleta na cultura atual tem condição de ter uma saúde mental?” A partir daí, a pós-doutora em Psicologia levantou a questão: “começo aqui com uma crítica à cultura esportiva contemporânea baseada essencialmente e principalmente no desempenho e na performance. Na realidade, podemos dizer que é uma fábrica de atletas a custo de sua saúde física e mental”. Ainda em sua apresentação, trouxe a questão do que chamou de “corpos dissonantes” para jogar luz no ponto da “heterosexualidade como uma normativa obrigatória compulsória”.

Ricardo Leão, por sua vez, fez um contraponto defendendo que a copa deixará um legado social que poderá não acontecer inteiramente na velocidade que a sociedade mundial gostaria de testemunhar, mas que continuará acontecendo nos próximos anos. Segundo ele, essas evoluções têm ocorrido no Brasil: “a CBF tem procurado atuar para combater o racismo e qualquer tipo de preconceito ou discriminação. Vivemos, no começo do ano, uma verdadeira escalada de atos de racismo dentro dos estádios brasileiros motivando a assinatura de um manifesto à favor da vida e do futebol, no qual os clubes brasileiros e as federações se comprometeram a realmente utilizar o futebol para promover uma transformação na nossa sociedade; e aos poucos temos buscado, com ações concretas, demonstrar essas intenções”, explicou.

Para concluir a primeira etapa da live, a convidada Michelle Rios, que atua em time de futebol no Brasil, trouxe a realidade de jogadores, demais trabalhadores deste ambiente e familiares. Ao iniciar perguntou ao público “como o psicólogo consegue garantir a saúde mental dos atletas e das pessoas que trabalham naquele lugar, nesse lugar que acontece tantos problemas?”. Ela relatou as diversas pressões sofridas vindas da própria torcida, episódios de violência e ameaças à vida e ressaltou que o ambiente criado no centro de treinamento pode favorecer a saúde mental ou causar ainda mais adoecimento. “O CT precisa ser leve, humano e a garantia disso não depende somente da psicóloga ou do psicólogo, mas do trabalho de todos”, concluiu.

Assista a live

 



– CRP PELO INTERIOR –