Nota à categoria sobre o aumento da violência contra as mulheres na atualidade

Estamos assistindo nos noticiários um visível aumento nos índices de violência contra as mulheres, seja ele expresso na forma de feminicídio ou nas diversas formas de violência já tipificadas pela Lei Maria da Penha. Isso nos convoca a analisar os fatores psicossociais envolvidos nessas estatísticas para que elas se apresentem desta maneira.

É sabido que as transformações sociais em tempos de crise afetam de forma diferenciada e mais violenta as mulheres. Tais mudanças, sejam elas nas situações de guerra ou conflitos sociais dos mais diversos, vitimizam em especial as mulheres, aumentando a ocorrência de mortes e estupros. As relações de intimidade também se apresentam mais violentas nestes contextos e, por isto, a alta ocorrência de feminicídio expressa mais uma vez desigualdades de gênero.

Juntamente com a violência contras as mulheres temos assistido o aumento da ocorrência de violência contra LGBTIs, que decorre da mesma raiz. Observamos ainda que a maior ocorrência de violência tem sido contra mulheres negras e pobres e, por isso, identificar os cenários de tais fenômenos sociais é tão importante para nós, profissionais de Psicologia.

As mudanças sociais em curso na dinâmica social brasileira vêm permeadas por intolerância e violência e o que têm mediado as relações pode ser nomeado: machismo, classismo, LGBTfobia, racismo, sexismo, dentre outras expressões de intolerância e subalternidade. Tais episódios estão calcados em uma lógica cis-hétero-normativa, excludente, preconceituosa e, acima de tudo, injusta com as minorias políticas e populações vulnerabilizadas.

Assim, nós, psicólogas e psicólogos, precisamos mais do que nunca estarmos atentas(os) a esses acontecimentos e, na prática profissional, ampliar o nosso olhar e imprimir um sentido contextual nas experiências individuais e coletivas das mulheres. Além disso, torna-se muito importante nos colocarmos, enquanto profissionais de Psicologia, no lugar de autocuidado, atitude essencial para que possamos atender mulheres de forma adequada já que as violências atingem a todas(os). Neste sentido, convidamos a categoria a participar das ações do CRP-MG, sobretudo das reuniões das comissões, como a Comissão Mulheres e Questões de Gênero.

 

Belo Horizonte, 8 de janeiro de 2019
Comissão Mulheres e Questões de Gênero
XV Plenário do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais

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