Nota de Ano Novo

Estamos iniciando um novo ano, uma nova década o que nos remete à reflexão do recomeço. O fechamento de um ciclo nos aponta para o início de um novo tempo. A Psicologia tem como instrumento de seu trabalho o simbólico e é com ele que construímos o sentido existencial que orienta nossa subjetividade. Valores, sentimentos e compreensão da realidade são forjados no campo simbólico do sujeito.

Nosso objetivo, ao trabalhar neste campo, é produzir condições para que as pessoas possam viver suas experiências com saúde. A saúde é um conceito complexo, envolve nossos corpos, nossas relações, nosso ambiente, nossas emoções; por isso, pensar a saúde e trabalhar em prol da mesma não é um exercício solitário, individual e não pode ser feito num recorte personalista e pontual.

Discutir a saúde é discutir os direitos: direito à moradia, direito ao lazer, direito à alimentação, direito à educação, direito ao trabalho digno, direito de ocupar os espaços públicos com segurança, direito à expressão da sexualidade e da identidade de gênero, direito ao posicionamento político, direito ao exercício das religiosidades, direito às manifestações étnico culturais. Discutir saúde é discutir os nossos direitos humanos.

Pensar uma campanha sobre a saúde é pensar uma ação ampla, que contemple toda esta diversidade. A saúde é urgente a todo tempo, ela é universal e multicolorida. Sentir-se saudável é um processo, mais que um resultado. Afinal, saúde, assim como a nossa vida, é algo dinâmico. Ao valorizarmos a vida, precisamos entender que falamos da vida de todos os seres humanos e não de um indivíduo ou de um grupo, pois ela não é privilégio de alguns, mas direito de todos e de todas. Portanto, mais do que apenas estimular a busca pela saúde mental, de forma individualizada, devemos lutar por políticas públicas e práticas que a garantam de modo coletivo, enquanto funcionamento próprio de uma sociedade que produza saúde, não adoecimento.

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) deseja a todas(os) um ano de conquistas e realizações; que possamos, neste momento de reflexão, amadurecer nossa compreensão sobre o compromisso que temos com a saúde, não apenas de nós mesmos, mas de toda a humanidade e do planeta em que vivemos; que possamos compreender que nossa saúde pessoal depende da saúde dos que nos cercam e do planeta que habitamos comunitariamente e que nosso compromisso seja o de cuidar das pessoas e do mundo.

Que este compromisso não se resuma a uma campanha, mas se desdobre em ações efetivas e permanentes durante o ano que se iniciações que impeçam os discursos de ódio, que combatam a destruição de nossas matas e rios, que garantam a dignidade do trabalho, que rechacem a matança do povo pobre, do povo preto e dos povos tradicionais. Que saibamos ter o discernimento e a empatia necessários para buscar, incessantemente, a democratização do acesso aos serviços psicológicos, com equidade e universalidade.

Belo Horizonte, 20 de dezembro de 2019
XVI Plenário do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais

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