12 abr Nota de Posicionamento: Atos de violência nas escolas
O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), por meio da Comissão de Orientação em Psicologia Escolar e Educacional (COPEE), manifesta profundo pesar referente aos atos de violência dirigidos a escolas. Registramos, ainda, nossos sentimentos pelas pessoas vitimizadas e nossa solidariedade com todas(os) familiares e comunidades escolares atingidas(os).
Reiteramos nosso repúdio a toda e qualquer manifestação de violência nas suas mais diversas formas, desde as mais sutis até os atos extremos como os que temos assistido; ao passo que expressamos nossa preocupação com esses episódios e alertamos para a necessidade de entendê-los, não como um ato isolado, eventual e/ou de modo individualmente culpabilizador de quem os protagonizou.
Lembramos que as violências, seja elas em escolas ou fora delas, constituem um fenômeno complexo que necessita de estudos e análises interdisciplinares e interinstitucionais. Dessa forma, carecemos refletir sobre o atual momento histórico, em que assistimos estarrecidos a divulgação e incentivo de manifestações e práticas de intolerância, desrespeito e violência contra mulheres, negras(os), indígenas, população LGBTQIAP+, pobres e, de maneira geral, todas(os) que não se alinhem com o pensamento ideológico conservador que se assemelha a discursos e práticas nazifascistas.
Como profissionais da Psicologia e Educação, verificamos cotidianamente um ambiente escolar marcado por opressões, violências de toda ordem e (re)produtor de desigualdades, que ficam sobremaneira visíveis em atos trágicos como os recentes e quando, principalmente, envolvem crianças e adolescentes.
Recordamos aqui, que tal grupo etário está em processo de desenvolvimento integral e como tal deve ser protegido pela família, Estado e sociedade. Então é essencial admitirmos que houve uma falha de todas(os), pois não fomos capazes de promover o pleno desenvolvimento saudável de todas(os) elas(es).
Questionamos acerca de quantas(os) outras crianças, adolescentes e adultas(os) como as(os) que praticaram esses atos de violência temos por aí, e quantos mais acontecimentos trágicos esperaremos para agirmos coletivamente. Diante disso, urge compreendemos que a violência expressa por um indivíduo representa simbolicamente toda a dimensão social, cultural, estrutural da sociedade em que vivemos.
Enquanto sociedade cumpre-nos refletir sobre a responsabilidade e o papel de cada um, e de todas(os), na construção de um mundo mais justo, fraterno, solidário e inclusivo. Uma sociedade capaz de acolher, proteger e cuidar das novas gerações.
Ademais, solidarizamo-nos com todas(os) que são vítimas de um processo de produção de pensamento de ódio e intolerância que vem sendo mormente cultivado nos últimos anos. Frente ao ódio que a Educação vença!! Assim, posicionamo-nos que a melhor forma de enfrentamento dessas situações perpassa por práticas educativas que deem conta do acolhimento, do afeto, do reconhecimento, da visibilização e da valorização das diversidades. Esse é sempre o caminho!
Conclamamos a todas(os) para que lutemos, mais do que nunca, por um mundo de paz, amor, harmonia, hospitalidade e promoção de uma educação solidária e libertadora.
Como Comissão, colocamo-nos à disposição das(os) colegas psicólogas(os), demais profissionais da Educação e instituições para o processo de enfrentamento cotidiano ao fenômeno das violências.
Belo Horizonte, 12 de abril de 2023.
XVII Plenário do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais