Novembro Negro: a importância do afeto na luta antirracista foi o tema que concluiu ciclo especial de vídeoconferências

Todas as lives estão disponíveis no canal do CRP-MG no Youtube

A importância do afeto na luta antirracista norteou a live promovida pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), no dia 26/11. A vídeoconferência encerrou a programação de atividades sobre Psicologia e Questões Étnico-Raciais que a autarquia promoveu durante o mês de novembro de 2020 e que integraram a Campanha Novembro Negro.

A psicóloga e integrante da Coletiva Mulheres da Quebrada, Aline Alvarenga, também participa da Comissão de Orientação em Psicologia e Questões Étnico-Raciais do Conselho e explica que as(os) integrantes da Comissão identificam que a troca afetiva fortalece cada uma e cada um nos diversos espaços de atuação, por isso, o tema foi escolhido para concluir o ciclo de mesas virtuais.

Psicóloga clínica e ilustradora, Ceres Soares Bifano, compartilhou reflexões com o público a partir de suas experiências e do texto “Vivendo de amor”, de Bell Hooks. Ceres explica que a autora defende que o amor cura e que o sistema de dominação da população negra é mais eficaz quando altera a capacidade dessas pessoas de amarem e serem amadas.

“As pessoas negras nunca podiam prever quanto tempo estariam juntas. A prática de reprimir sentimentos se tornou uma estratégia de sobrevivência e seguiu conosco pelas gerações, quase como uma herança. Precisamos estabelecer lugares em que possamos falar de afeto, de sentimento. Quando amamos, desejamos viver plenamente”, explica Ceres Bifano.

Humanização – A psicóloga especializada em Humanização da Atenção em Saúde, Fabiana Matias, explica que buscou essa área justamente por observar o cuidado em saúde que é ofertado à população negra e aglomerada. Ela realça que os técnicos de nível superior são pessoas brancas que, em geral, não conhecem o contexto da população negra. “Se mais pessoas negras e periféricas conseguirem se formar em medicina, enfermagem, isso pode mudar. A população negra precisa de uma escuta mais atenciosa para que os agravos sejam diminuídos e exista de fato uma atenção à saúde da população”, avalia.

Fabiana Matias também integra a Coletiva Mulheres da Quebrada, que foi criado para promover um espaço de afeto positivo entre mulheres que vivem no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. “Eu destaco afeto positivo porque tudo que vem do externo nos afeta e muitas vezes o que a gente recebe da sociedade nos afeta de maneira muito negativa. A vivência dessas mulheres é marcada pela baixa valorização e pelo silenciamento. Na coletiva esse afeto positivo acontece em via de mão dupla e o tempo todo”, reforça.



– CRP PELO INTERIOR –