16 abr O prazer na velhice ganha os holofotes no Cine Diversidade de abril
Preconceitos que permeiam o corpo envelhecido foram pauta da sessão comentada
Nesta terça-feira, 15, o Cine Santa Tereza, em Belo Horizonte, recebeu a edição de abril do Cine Diversidade – projeto promovido pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, da Fundação Municipal de Cultura e da Subsecretaria de Direitos de Cidadania. Foram exibidos os curtas “O prazer é todo meu” e “Nação Comprimido” para provocar reflexões e diálogos sobre o envelhecimento das pessoas LGBTQIA+, as consequências dos preconceitos relacionados ao assunto e o direito ao prazer. Acesse aqui o álbum de fotos do evento.
A edição foi articulada pela Comissão de Orientação em Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual do CRP-MG com o apoio do Diverso UFMG – Núcleo Jurídico de Diversidade Sexual e de Gênero e da produtora audiovisual Lhama Viajante.
Após a abertura da sessão feita pela coordenadora do Cine Diversidade, Tuty Veloso Coura, pela conselheira referência Lorena Rodrigues e pelo coordenador da Comissão, Lucas Lopes, a plateia assistiu aos curtas e participou do debate. O diálogo mediado por Marília Fraga Cerqueira Melo, psicóloga, mestre em Saúde Pública, especialista em Psicologia Clínica e Escolar/Educacional, contou com as convidadas Lorena Paiva, mulher trans, conselheira Municipal dos Direitos das Mulheres de Belo Horizonte e coordenadora do Coletivo Clã das Lobas pela População Trans e Travestis de Minas Gerais; Maria Auxiliadora Evarista (Dodora), professora aposentada da Prefeitura de Belo Horizonte, mulher negra, lésbica e periférica; e o convidado Bruno Tadeu, roteirista, diretor, ator e arte-educador mineiro.
Atenção e cuidado com o envelhecimento da população – Marília Fraga, que tem se debruçado em seus estudos sobre a terceira idade por entender se tratar de um tema relevante para o país e para a Psicologia, chamou a atenção para a falta de políticas públicas para essa parcela da sociedade e defendeu que a categoria Psi deve se implicar nessa luta. “Existem muitos preconceitos em todos os espaços, seja no trabalho, na educação, no lazer, sobretudo relacionados aos nossos corpos. É fundamental que o Cine Diversidade tenha trazido esse alerta, pois fazer essas reflexões nos fará criar impactos nas políticas públicas. Se nós estamos envelhecendo é porque tivemos melhorias, tais como saneamento básico, saúde pública, educação. Mas e daqui em diante? Precisamos ter qualidade de vida na velhice. Precisamos ter referências técnicas para o nosso trabalho. Hoje o que temos é a sexualidade da pessoa idosa ser abordada como disfunção. Não se fala do corpo, do prazer. É necessário ter referenciais teóricos que abordem a capacidade, o corpo, as possibilidades”, reivindicou a mediadora.
Confira a seguir pontos abordados pelas convidadas e pelo convidado durante a sessão comentada:

“É necessário que as pessoas entendam o envelhecimento e que saibam respeitar. O idadismo é uma coisa muito séria, a ponto de as pessoas interromperam sua fala porque acham que você não tem mais nada para dizer. E se o mundo LGBTQIA+ está hoje com mais possibilidades é porque lutamos muito para que isso acontecesse”.
Maria Auxiliadora Evarista (Dodora), professora aposentada da Prefeitura de Belo Horizonte, mulher negra, lésbica e periférica; e o convidado Bruno Tadeu, roteirista, diretor, ator e arte-educador mineiro

“Conquistar direitos não é fácil. Ser mulher trans e envelhecer é ainda mais difícil. Nem tenho medo da solidão, pois a nossa vida é muito solitária. Vivo sozinha desde os 12 anos. Quem cuida de nós são as que estão ao nosso redor, são as nossas. Somos privadas de muitas coisas quase que pelo nosso destino.”
Lorena Paiva, mulher trans, conselheira Municipal dos Direitos das Mulheres de Belo Horizonte e coordenadora do Coletivo Clã das Lobas pela População Trans e Travestis de Minas Gerais

“Falas como as de vocês são muito encorajadoras porque fui uma criança que não cresceu cercada de pessoas LGBTQIA+. Cresci sem referências e isso me fez muita falta. Contornei com muita terapia, mas tenho consciência de que isso me fez muita falta.”
Bruno Tadeu, roteirista, diretor, ator e arte-educador mineiro