Pluralidade de temas e abordagens marcam a 2ª edição da Mostra de Práticas em Psicologia e Educação

CRP-MG promoveu o evento na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)

Profissionais, pesquisadores e estudantes de diversos municípios mineiros compartilharam experiências e saberes na II Mostra de Práticas em Psicologia e Educação, promovida pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), no dia 20 de setembro de 2018.

A conselheira e coordenadora da Comissão de Psicologia Escolar e Educacional, Stela Maris Bretas de Souza, destaca os números do evento: 100 trabalhos, de 46 municípios foram submetidos à avaliação. Ao todo, foram apresentados 47 relatos no formato de diálogos e 14 na modalidade de pôsteres.

“Com a realização da Mostra nós buscamos estreitar laços com a categoria e dar visibilidade aos trabalhos desenvolvidos no campo da Psicologia Escolar. Tivemos a participação de cidades das regiões norte, sul, triângulo, leste e central, o que é muito significativo”, avalia a conselheira.

O chefe do Departamento de Psicologia da UFSJ e integrante da Comissão de Psicologia Escolar e Educacional do CRP-MG, Celso Tondin, chama atenção para a diversidade de abordagens e temas acolhidos na Mostra: foram apresentadas experiências no âmbito da educação infantil e dos ensinos fundamental e superior. Houve trabalhos sobre educação inclusiva, orientação profissional, sexualidade, violências, trabalho infantil, orientação à queixa escolar, entre outros.

“Os temas apontam para a perspectiva de que o objeto de atenção da Psicologia Escolar e Educacional são as relações institucionais e a Psicologia contribui na garantia do direito à educação com qualidade, inclusiva e com participação de todos”, explica Celso Tondin.

Reflexões sobre a escolarização – A abertura da Mostra contou com a conferência “História, memória e perspectivas: o rompimento com a lógica da individualização no processo de escolarização”, proferida pela pós-doutora em Psicologia Social, Carmem Taverna.

Carmem apresentou o relato da Prefeitura de São Paulo, que está entre as pioneiras na implantação do Serviço de Psicologia Escolar: o Serviço foi implantado em 1975, com elaboração da psicóloga Yvone Khouri.

Carmem Taverna trabalhou nesta política pública e também escreveu a tese de doutorado: “Um estudo histórico sobre a psicologia escolar na secretaria municipal de educação da prefeitura de São Paulo”. Ela conta que houve grande empenho de Yvone Khouri para que o cargo de psicóloga escolar fosse reconhecido e implantado. “Cheguei à escola em 1978 e a diretora perguntou pelo meu jaleco. Depois me mostrou meu o gabinete, era uma sala isolada. Ou eu fazia a clínica tradicional ou não podia ficar lá e eu saí. Por isso, é muito importante ter um projeto, uma linha de atuação. Quantas vezes a gente fica refém do pedido da escola e do que querem que a gente faça?”, questionou.

A pesquisadora também aponta que estar entre a Educação e a Saúde é uma questão que pautou a implantação do Serviço, há mais 40 anos, e ainda se apresenta para a Psicologia Escolar: “vejo que a gente ainda busca uma identidade para a psicóloga escolar”, avalia. Nesse sentido, a Carmem Taverna sugere a consulta às “Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) na Educação Básica”, produzidas pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop).

A pesquisadora também relata que boa parte da atuação do Serviço de Psicologia Escolar foi pautado pelas questões relacionadas ao fracasso escolar, especialmente, as repetências de série. “Nossa defendemos a atuação integrada de psicólogos, professores e pais na escola. O psicólogo é um profissional muito importante para pensar problemas da criança, do professor, da metodologia, da família e da própria escola”, relata.

A conselheira Stela Maris explica que compreender a história da Psicologia Escolar no Brasil auxilia na construção do projeto de atuação. “A conferência mostrou esse lugar que apareceu com o viés classificatório, da individualização do não aprender e passou à contextualização de que há uma rede de cuidados, de que aprendizagem não é só uma questão do aluno ou de medicalização”, afirma a conselheira.

Representação na Abrapee

No dia 22 de setembro, em assembleia realizada em São João del-Rei, a conselheira Stela Maris Bretas Souza, foi eleita representante de Minas Gerais na Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (Abrapee).



– CRP PELO INTERIOR –