31 jan Preconceito e relações raciais
Buscando promover um espaço de discussão sobre o documento “Relações Raciais: Referências Técnicas para a Prática do(a) Psicólogo(a)”, que está disponível para Consulta Pública, o Centro de Referências em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop) realizou uma roda de conversa no auditório do CRP-MG, em Belo Horizonte, no dia 30 de janeiro.
A doutora em Psicologia Social e professora do Departamento de Psicologia da UFMG, Cláudia Mayorga, o doutor em Psicologia Social e professor do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste), Antônio Honório, e a psicóloga fiscal do CRP-MG e especialista em Teoria Psicanalítica pela UFMG, Carolina Braga, fomentaram o debate. Os convidados discutiram pontos do documento e sobre o tema relações raciais, as quais afirmam que mereçam uma maior reflexão e aprofundamento.
Mayorga destacou a invisibilidade do racismo no Brasil, consequência do mito da democracia racial. A professora pontuou que é preciso abordar no documento, que servirá como referência técnica para atuação dos psicólogos, os temas “gênero e raça”, “juventude e raça” e “autodeclaração”. Ela também chamou atenção para um aprofundamento das terminologias afrodescendentes e negros.
O professor Antônio Nóbrega reforçou a importância da referência técnica tratar da questão da autodeclaração e sugeriu que o termo afrodescendente não seja usado, propondo a utilização do termo negro. Nóbrega explicou que a terminologia afrodescendente não é muito empregada pelos pesquisadores brasileiros e reforçou que negro é uma categoria política, que reúne pretos e pardos. Ele ressaltou que, empiricamente, não existem raças, somente a raça humana. “Quando tratamos de raça é no sentido simbólico. Se queremos combater o racismo é importante conceituar a raça enquanto uma construção política”, explicou.
A psicóloga fiscal do CRP-MG, Carolina Braga, trouxe contribuições a partir de sua prática na Equipe Técnica do Conselho. Braga citou a Resolução nº 18/2002, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação ao preconceito e à discriminação racial, ressaltando que a mesma precisa ser mais esclarecida na referência técnica. Ela ainda defendeu que o documento deve indicar uma direção do que o profissional deve fazer quando se deparar com uma situação de racismo.
A psicóloga chamou atenção para o fato de que a equipe técnica do Conselho nunca recebeu uma solicitação de orientação relativa ao preconceito racial, refletindo sobre a invisibilidade da questão no Brasil e a importância da discussão no campo da Psicologia. Para o professor Antônio Nóbrega, é preciso que os psicólogos se apropriem dessa discussão. “Não é possível que em um país racista as pessoas não sofram por serem negras”, questionou. Ele afirmou que o profissional da Psicologia precisa apontar isso, em algum momento.
Após as colocações dos convidados, os participantes da roda de conversa debateram a temática e trouxeram novas contribuições para o documento “Relações Raciais: Referências Técnicas para a Prática do(a) Psicólogo(a)”. As reflexões serão sistematizadas pela equipe do Crepop e enviadas para a formulação do mesmo.
Consulta púbica
A consulta é um instrumento democrático que permite a participação direta da categoria e da sociedade em assuntos relevantes para a atuação profissional.
Uma versão preliminar do documento “Relações Raciais: Referências Técnicas para a Prática do(a) Psicólogo(a)” foi elaborada por um grupo de especialistas, reunidos pelo CFP, para acolher as contribuições da categoria. As respostas serão reunidas com outras contribuições e servirão para aprimorar as referências técnicas, garantindo que sua versão final reflita os interesses das(os) profissionais da área, estabelecendo diretrizes técnicas e orientações pertinentes, coerentes com uma visão de Políticas Públicas e de prática profissional no campo das Relações Raciais.
A consulta vai estar disponível AQUI, de 9 de dezembro de 2013 a 9 de fevereiro de 2014, para contribuições. Para participar, cadastre-se e confirme a participação no termo de aceitação, leia o documento na íntegra e faça suas considerações no formulário de Consulta Pública (ambos disponíveis após o cadastro) .