Profissionais refletem sobre contribuições da Psicologia para a descolonização dos Direitos Humanos

Diálogo está disponível no canal do Conselho no YouTube

Na noite de quarta-feira, 6, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou a live “Descolonizar os Direitos Humanos: reflexões a partir da Psicologia”.

O encontro virtual fez referência ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado em 10 de dezembro, e também dialoga com a Campanha Nacional dos Direitos Humanos, lançada pelo Sistema Conselhos no dia 23 de novembro, com o tema “Descolonizar Corpos e Territórios: Reconstruindo Existências Brasis”.

A coordenadora da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Conselho Federal de Psicologia, Andreza Costa, participou da live e explicou que o mote da campanha foi pensado considerando a pluralidade da própria CDH, a qual reúne pessoas de diferentes contextos étinico-raciais, regionais, etários e de pensamentos teóricos e profissionais diversos. “Todas e todos encontraram como eixo desafiador de suas práticas a colonização. Mas não buscamos através da descolonização formalizar um novo eixo central, uniformizante e universalista, pelo contrário”, afirmou a conselheira. “Descolonizar caminha justamente no sentido de implodir essa lente e de possibilitar a multiplicidade e a pluralidade de perspectivas. Significa abrir espaço para outras vivências e possibilidades de ser e de existir”, resumiu a psicóloga.

Já o conselheiro e membro da coordenação da Comissão de Orientação em Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG, o psicólogo indígena Hudson Carajá, destacou que existem muitas formas de colonização. “Nós nos apropriamos de muitas palavras e hábitos vindos de fora, por um processo que não é saudável, e muitas vezes não olhamos para o conhecimento indígena ou para o conhecimento da ancestralidade negra”, avaliou. “Às vezes até se olha, mas se limita a reconhecer que ele existe. Precisamos de um olhar que valoriza e que busca esse conhecimento”, ponderou o conselheiro.

Mediador do encontro, o conselheiro do CRP-MG, Henrique Galhano, ressaltou a importância de se falar dos Direitos Humanos na perspectiva da Psicologia, pois eles atravessam a prática profissional: “Não adianta você ter uma escuta ética, se você não faz essa escuta com uma percepção voltada para os Direitos Humanos, considerando o contexto de opressão que aquela pessoa traz”, alertou. Por fim, o conselheiro chamou a atenção para a posição do Conselho Federal de Psicologia e do Sistema Conselhos em preconizar uma Psicologia brasileira: “Algumas posições fazem parte da nossa Psicologia. Quando eu falo, por exemplo, ‘psicólogues’, falo embasado nas Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas, Psicólogos e Psicólogues em Políticas Públicas para População LGBTQIA+, produzidas pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop). É importante nós nos atualizarmos também” reforçou o psicólogo.

Nêgo Bispo

No encontro, os participantes ainda exaltaram o legado de Antônio Bispo dos Santos, que ancestralizou no último dia 3 de dezembro. Nêgo Bispo, como era conhecido, defendia a contracolonização e se tornou uma importante referência para a Psicologia.

A homenagem e o diálogo completo estão disponíveis no canal do CRP-MG no YouTube. Assista:

 



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