Programa de rádio discutiu a devolução de crianças e adolescentes adotados

Programa entrevistou a psicóloga Letícia Greco

O número de crianças disponíveis para adoção no Brasil é quatro vezes menor que a quantidade de pretendentes. Letícia Greco, a entrevistada do Psicologia em Foco no rádio desta quarta-feira (30), é psicóloga no Tribunal de Justiça, atuando na Vara Cível da Infância e Juventude e explicou a razão de ainda existirem crianças na fila de espera para adoção: “as pessoas ainda têm preferência por crianças pequenas. A maioria das crianças em espera para adoção tem mais de 8 anos”.

Após a adoção, a família adotiva passa por um período de adaptação e, em alguns casos, pode resultar na devolução da criança. Letícia explica que a idealização da “criança perfeita” é o que geralmente causa a frustração dos pais e consequentemente a devolução. “Muitas vezes a família acha que a criança vai se encaixar perfeitamente nos ideais criados por eles e a criança não vai corresponder a estes ideais. Todas as crianças têm atitudes difíceis, inclusive as que não são adotadas, e os adotantes entendem esse comportamento, muitas vezes, como insubordinação da criança, ou como se estivessem trazendo más atitudes da família de origem e entendem que a criança está seguindo por um caminho de marginalização”, completou a psicóloga.

Letícia afirma que a devolução é devastadora para as crianças e os adolescentes. De acordo com Letícia, a criança que está na adoção já passou por vários abandonos, negligências, perda da família de origem e muitas vezes perda dos irmãos também. “A devolução deixa a criança sem chão. É preciso que haja um trabalho muito cuidadoso da equipe de psicólogas(os) para preparar essa criança para uma nova família. Além disso, também deve existir um trabalho com a família que precisa devolver a criança. É um momento de desconstrução de expectativas”, afirmou Letícia.

Ouça a entrevista completa.

 



– CRP PELO INTERIOR –