Psicologia em Foco conclui atividades de 2019 com encontro sobre direitos das mulheres na América Latina

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) escolheu o dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, para concluir mais uma etapa do projeto Psicologia em Foco, que acontece todas as quartas-feiras, às 19 horas, na sede Conselho e conta com transmissão pela internet.

A mesa abordou o tema “Direitos humanos e direitos das mulheres no cenário da América Latina”, em referência também às mobilizações realizadas por ocasião do dia 25 de novembro – Dia Internacional de Luta pelo Fim da Violência contra a Mulher.

O encontro contou com as contribuições da psicóloga e professora universitária, Claudia Natividade, da professora de Economia e conselheira no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Dirlene Marques, e da professora que realiza acompanhamento psicossocial com comunidades indígenas e mulheres negras vítimas do conflito armado na Colômbia, Rosita Suárez. A atividade foi mediada pela conselheira do CRP-MG, Jéssica Souza.

Na abertura do encontro, a presidenta do CRP-MG, Lourdes Machado, chamou atenção para o compromisso da Psicologia com os direitos humanos e realçou a adesão à campanha 16 dias de ativismo: “durante os 16 dias, o Conselho deu visibilidade em suas redes sociais a mulheres que tiveram atuação destacada na defesa dos direitos humanos, como Virgínia Bicudo, Nilse da Silveira e Rosimeire Silva”.

Performance chilena ecoa em todo mundo – Claudia Natividade destacou a potência estética e prática da performance “Um estuprador em seu caminho”, que foi criada no Chile pelo coletivo feminista Las Tesis e ganhou versões em todo mundo, após o dia 25 de novembro. Um trecho da performance afirma “o violador é você”.

“Nos atendimentos e como supervisora de estágios em que os estudantes acompanham mulheres vítimas violência fica evidente que uma das questões mais difíceis é a mulher reconhecer que está numa relação de violência. Apontar o violador não é uma dinâmica simples”, afirmou Cláudia Natividade.

Socialismo e feminismo – A professora Dirlene Marques relatou a articulação da luta feminista com as pautas contrárias à exploração da mão-de-obra. “As lutas contra a discriminação das mulheres e a opressão do capital tem que ser feitas juntas”, defendeu. Segundo a pesquisadora, a desvalorização das mulheres serve tanto a práticas violentas quanto à exploração no mercado de trabalho.

“O homem é violento porque tem na sociedade um anteparo que diz que a mulher pode ser inferiorizada. A dinâmica de desvalorizar o corpo da mulher atua também para que ela se submeta a menores salários e assim produza mais lucro para o capital”, analisa.

Experiência na Colômbia – A psicóloga Rosita Suarez relatou a experiência de trabalho em instituições criadas para atender mulheres indígenas e negras vítimas do conflito armado na Colômbia. Nessas instituições, várias práticas e saberes são retomados como os conhecimentos sobre plantas medicinais e a produção de bordados. A partir desses trabalhos, as mulheres podem expressar a dor da perda de familiares e das experiências de violações sexuais.

Na avaliação de Rosita Suárez, além de manifestar dores individuais, essas ações possibilitam a recuperação do tecido social, de aspectos da identidade e também da resistência às diversas formas de violência. O trabalho dessas instituições reforça os direitos à vida, à cultura e de reconstruir a vida a partir de trabalhos coletivos.

A conselheira Jéssica Souza frisou a história de colonização e opressão da América Latina e a importância de que a defesa dos direitos humanos não seja criminalizada ou considerada distante da prática da Psicologia.

A mesa está disponível na página do CRP-MG no Facebook: parte 1 e parte 2.

 



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