10 mar Psicologia em Foco debate avaliação psicológica

Na quarta-feira, 9 de março, o Psicologia em Foco discutiu o tema: “Avaliação psicológica: contextos e atualidades”. O evento teve caráter preparatório para o 9º Congresso Regional de Psicologia (Corep) e contou com a palestra da psicóloga, doutora em Psicologia na área de Avaliação Psicológica, docente da PUC Minas e da Universidade Salgado de Oliveira, Eni Ribeiro da Silva. A coordenação da mesa foi realizada pela psicóloga, doutoranda na Universidade John Kennedy em Buenos Aires e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina, Júnia Lara.

A professora Eni Silva realçou que a avaliação psicológica deve ser entendida como um processo que envolve conhecimento científico, técnico, leis e normas, por isso, não deve ser compreendido apenas como aplicação e correção de testes. “É um processo que inclui instrumentos de avaliação, entre eles os testes, e os testes não são verdade absoluta. O teste é só mais um instrumento no processo de avaliação psicológica”, explicou.

Segundo a professora, o caráter processual da avaliação implica em considerar condicionantes históricos e sociais, que extrapolam o momento em que ocorreu a avaliação. “O resultado do processo de avaliação psicológica tem que considerar o sujeito como um todo e não apenas o resultado daquele teste naquele momento, senão a avaliação vira testagem”, afirmou.

Eni Silva destacou que antes de utilizar um teste, o profissional de Psicologia deve conhecer e estar atento aos seguintes aspectos: normatização, padronização, objetivo e validade. A observação desses parâmetros garante que a avaliação psicológica lançará mão de técnicas cientificamente comprovadas e com a finalidade adequada. Quando se avalia inteligência, por exemplo, o psicólogo precisa saber que tipo de inteligência quer avaliar e se o teste que irá utilizar está de fato direcionado para essa finalidade. “Ao realizar um processo de avaliação psicológica, o profissional tem que ter clareza de qual constructo vai medir”, afirmou.

A professora Eni Silva também chamou atenção para os impactos que a avaliação psicológica tem junto à sociedade. Para assumir determinados cargos, como o de juiz ou policial, por exemplo, os candidatos devem passar por avaliações psicológicas que são eliminatórias nos processos de seleção. E os resultados dessas avaliações repercutem não apenas na carreira do candidato como trazem impactos para a sociedade, como no caso em que um profissional da Psicologia faz um diagnóstico de que um indivíduo não está apto a exercer uma profissão em que utilizará arma de fogo.

Concursos – Ao abordar a utilização da avaliação psicológica em concursos públicos, Eni Silva destacou que há muitos casos em que um número muito grande de candidatos é avaliado num prazo curto, o que indica que dificilmente o processo foi realizado com o rigor necessário.

A professora também enfatizou a importância de que os profissionais da Psicologia estejam muito atentos às questões éticas nesse contexto, tanto ao fazer a avaliação, quanto no que diz respeito a acompanhar candidatos na interposição de recursos nos casos em que a avaliação o aponta como contraindicado para exercício do cargo.

A professora Eni Silva explicou que em qualquer circunstância da avaliação psicológica deve ocorrer a entrevista de devolução, pois a pessoa temo direito de saber quais foram os motivos que levaram à contraindicação. “O direito à entrevista de devolução é uma informação que precisa ser socializada”, afirmou.

Normativas – Eni Silva explicou que os profissionais devem ficar atentos a todas as normas relacionadas à avaliação psicológica e elas estão em constante debate, por isso, é importante acompanhar as resoluções do Sistema Conselhos.

A coordenadora da mesa, Júnia Lara, explicou que o papel do Conselho de Psicologia é fiscalizar, orientar e disciplinar o exercício da profissão, por isso, é importante que os profissionais estejam próximos do Conselho e acompanhem as discussões e resoluções publicadas em relação ao tema da avaliação psicológica.