Psicologia em Foco debateu corpos, sexualidade e aborto

A programação especial do Psicologia em Foco no mês das mulheres começou nesta quarta-feira, 7/3, com o tema “Mulheres, corpos e sexualidade”. Para assistir o evento na íntegra, clique aqui.

A militante pelos direitos humanos, ativista e pessoa transfeminina, Luci Universo, ressaltou que as articulações em torno do Dia Internacional da Mulher criam um contexto favorável para se exaltar os corpos femininos e as várias feminilidades que ocupam as mais diversas áreas da sociedade. “Se nós vamos falar sobre as mesmas coisas nesse mês, por que excluir outros tipos e feminilidades?!”, disse a ativista.

Luci Universo também falou sobre invisibilidade e ausência de produção epistemológica de pessoas trans e travestis no espaço acadêmico. “Nossos pensamentos são desvalorizados, nós não somos referência acadêmica para o trabalho de ninguém. Isso tem que ser desnaturalizado, pois faz parte da violência, da desumanização do corpo humano”, explicou.

A psicóloga, Letícia Gonçalves, conselheira do CRP-MG e integrante das Comissões de Ética e Mulheres e Questões de Gênero do Conselho falou sobre aborto. A conselheira chamou atenção para o fato de que a questão do aborto tem sido frequentemente pautada na agenda pública de maneira polemista e espetacularizada. No contexto brasileiro ainda há o agravante de que determinados setores utilizam o tema de maneira eleitoreira.

Letícia Gonçalves apresentou um panorama histórico para mostrar como a compreensão do aborto como uma questão publicamente relevante variou de modo significativo ao longo do tempo nas diversas sociedades. Ela destacou que, a partir do século XVII, os países imperialistas globais passam a se interessar pelo assunto em função do crescimento populacional registrado em países subdesenvolvidos na América, África e Ásia.

Do ponto de vista da Psicologia, a conselheira apontou para a relação existente entre a forma como o aborto é compreendido em determinada cultura e a saúde mental das mulheres. “Há uma disputa moral. Se nós convivemos com uma tentativa de determinados grupos que vão caracterizar o aborto como assassinato, crime, ato antinatural, monstruosidade, isso irá gerar um problema muito sério para a produção de saúde mental das mulheres que abortam no Brasil”, alertou.

Veja a programação de atividades do Mês das Mulheres em Minas Gerais.



– CRP PELO INTERIOR –