16 mar Psicologia em Foco debateu misoginia e violência contra a mulher
O ciclo de debates Psicologia em Foco, promovido pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais, está de volta no mês de março com temas relacionados às mulheres. A primeira edição aconteceu nesta quarta-feira, 15/3, e discutiu “Saúde mental das mulheres em tempos de misoginia global”. A íntegra do debate pode ser vista aqui.
A mesa contou com a participação da psicóloga, Carolina de Oliveira, mestre em Psicologia na área de Intervenções Clínicas e Sociais e coordenadora da casa de acolhimento a mulheres em situação de violência por gênero no ambiente doméstico Casa Sempre Viva; e de Ericka Evelyn Fonseca que é psicóloga, mestre em Psicologia Social e coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Ages em Paripiranga (BA). A mesa foi mediada pela conselheira e integrante da Comissão Mulheres e Questões de Gênero do CRP-MG, Flávia Gotelip.
Carolina Mesquita falou sobre o trabalho de pesquisa que realizou no mestrado e sobre a coordenação da casa de acolhida. No mestrado, Carolina estudou a questão estrutural das delegacias de atendimento às mulheres. “Se um décimo das delegacias fossem como é na teoria estaríamos muito bem”, observa Carolina. “Existe uma única Delegacia da Mulher em Betim, uma cidade com cerca de 450 mil habitantes, com 1 delegada, 5 investigadores, 2 escrivãs e 1 psicóloga. Não funciona com plantão 24 horas e fica no fim do corredor da Delegacia de Trânsito, que é majoritariamente frequentada por homens”, relatou a psicóloga.
Carolina Mesquita explicou que a Casa Sempre Viva recebe mulheres que denunciam situações de violência doméstica, até que a justiça se posicione sobre o pedido de medida protetiva. A psicóloga denunciou a situação de extrema misoginia que se vive atualmente, em que mulheres precisam recorrer a essas instituições para continuarem vivas.
Escuta
A professora Ericka Fonseca também relatou sua experiência de entrevistar mulheres numa casa abrigo em Sergipe. Segundo ela, foi possível mapear três pontos que apareceram com recorrência nos relatos das mulheres vítimas de violência doméstica: a questão dos direitos previstos em lei e os trâmites legais, as marcas deixadas no corpo pelas agressões e relatos que realçavam o aspecto da culpa.
Ericka realçou a importância de que instituições como as casas abrigo, tenham um espaço de escuta para essas mulheres, de forma que elas possam fazer os relatos dos traumas que viveram. “É preciso ter cuidado para não ‘barrar’ a fala delas, tem que se garantir a essas mulheres o direito à escuta e a Psicologia tem um papel fundamental nisso”, argumentou.
A conselheira Flávia Gotelip realçou a importância que as instituições estejam atentas para que não revitimizem e assujeitem as mulheres que são atendidas nesses serviços. A conselheira também convocou a categoria, lembrando que esta é majoritariamente formada por mulheres, a enfrentar a misoginia.
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