Psicologia em Foco discute desafios da conferência estadual de saúde

O ciclo de eventos Psicologia em Foco do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) apresentou, nesta quarta-feira (29/7), os desafios da 8ª Conferência Estadual de Saúde. Os convidados para a exposição foram a psicóloga Lourdes Machado, membro da Comissão de Saúde do CRP-MG e conselheira do Conselho Estadual de Saúde; e o jornalista Wander Veroni Maia, coordenador de Comunicação Digital da Secretaria de Estado de Sáude de Minas Gerais (SES-MG). O debate contou com a coordenação do psicólogo Milton Bicalho, membro docente da Fundação Gregório Baremblitt/Instituto Félix Guattari. Clique aqui para ver as fotos.

Ao abrir o evento, Milton Bicalho relatou seu histórico de trabalho na saúde pública durante 23 anos e contou como se deu a criação do Sistema Único de Saúde, o SUS. “O SUS resulta de uma articulação sui generis: os militantes do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira originavam de órgãos públicos em algum nível de poder, departamentos de medicina preventiva e social, sanitaristas e respectivas residências médicas e de uma pequena participação popular. É preciso ressaltar que os diversos grupos políticos de esquerda da década de 1970 envolviam a questão da saúde em suas pautas, além da inclusão no mercado de trabalho, educação, saúde e cultura”, disse concluindo que o debate da noite é muito importante, pois os psicólogos devem estar na constituição das políticas públicas.

A partir da ponderação de Milton Bicalho, a psicóloga Lourdes Machado iniciou sua exposição afirmando que a psicologia vem sendo convocada nas políticas públicas, ao longo das décadas e a profissão segue reafirmando seu compromisso com a universalidade do sistema de saúde. “A psicologia foi uma das profissões presentes na reforma sanitária e tem atuado na consolidação de reformas como a psiquiátrica antimanicomial porque assumimos um compromisso com a sociedade brasileira. É uma prática comprometida com as questões sociais e fundamentalmente que essas políticas garantam os direitos humanos. As políticas públicas são centrais, para a melhoria da qualidade de vida da população”, disse a conselheira do Conselho Estadual de Saúde. Segundo ela, hoje a atuação do psicólogo incluiu os centros de atenção psicossocial, da saúde mental, nas unidades básicas de saúde, álcool e outras drogas, psicologia hospitalar, saúde do trabalhador, nos espaços de gestão e no controle social.

Inclusão – Neste contexto da evolução das políticas públicas a psicóloga explicou o significado da 8ª Conferência Estadual de Saúde, que será marcada pela inclusão, dando espaço, segundo Lourdes Machado, para as demandas e garantias de atenção à saúde, principalmente para os povos e as populações que estão fora do formal, com endereço e cartão SUS: indígenas, povos de terreiros, quilombolas, ciganos, da população de rua, das prostitutas, população LGBT, pessoas com todo o tipo de necessidades especiais. Outro ponto crucial desta edição, conforme informou a convidada do Psicologia em Foco, é inclusão da etapa de monitoramento, significando que após a Conferência os municípios serão cobrados de como está o andamento das propostas aprovadas.

“Minas Gerais tem 2200 delegados nesta Conferência divididos em 1100 mulheres e 1100 homens. Destes, 30% oriundos de movimentos populares, sociais ou sindicais. Será respeitado o segmento de 50% usuário, 25% trabalhador, 25% gestor e prestador”, concluiu Lourdes Machado.

Cultura de paz – O  jornalista Wander Veroni fez a exposição seguinte centrada nos equívocos da imagem do Sistema Único de Saúde criada pela população com base na construção dos veículos de imprensa. “O SUS tem um estigma de sempre ser lembrado numa perspectiva muito pejorativa. Você já ouviu frases como eu não uso o SUS, ele não funciona, nunca precisei ou ainda bem que tenho plano de saúde? Mas todos os brasileiros utilizam o Sistema Único de Saúde. Se você tem uma água potável em casa ou se vai ao aeroporto e tudo está funcionando bem do ponto de vista da saúde, lá está o SUS atuando”, afirmou.

Além disso, segundo ele, é preciso manter a população empoderada de informações tais como o SUS é o único sistema de saúde pública do mundo que atende mais de 190 milhões de pessoas, sendo que 80% delas dependem exclusivamente dele para qualquer atendimento de saúde, e que estrangeiros que estiverem no Brasil e, por algum motivo precisarem de alguma assistência de saúde, podem utilizar toda rede do SUS gratuitamente. “O cidadão precisa se apropriar dos fatos corretos e saber que pode participar deste controle social se inserindo nas instâncias de representatividade nos conselhos de saúde”, pontuou concluindo que todas e todos os brasileiros, sobretudo a imprensa, devem assumir uma cultura de paz, de origem mobilizadora, trocando palavras de origem bélica como guerra, combate, luta, extermínio, inimigo e alvo por enfrentamento, ação, realização, proposição, socialização, mobilização e união.



– CRP PELO INTERIOR –