13 ago Psicologia em Foco discutiu a complexa relação homem-cidade
Nesta quarta-feira (12/8) o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) promoveu nova edição especial do ciclo de eventos Psicologia em Foco em comemoração ao Mês d@ Psicólog@. Desta vez o tema foi “Psicologia e Cidades”, que segundo Joana Ladeira, integrante da Comissão de Direitos Humanos do CRP-MG e coordenadora do debate, propôs uma reflexão sobre essa complexa relação das pessoas com as cidades. Clique aqui para ver as fotos.
A primeira expositora do evento foi Carolyne Reis, psicóloga doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de São Paulo, vice-diretora do Instituto DH: Promoção, Pesquisa e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania. Ela abordou a migração de haitianos na Região Metropolitana de Belo Horizonte sob a ótica da psicologia intercultural, que estuda a adaptação e a assimilação do imigrante na sociedade. Também de estudos psicanalíticos dos impactos na vida dessas pessoas e a repercussão da mobilidade na sociabilidade dos sujeitos.
“Pensando no conceito de homem lento de Milton Santos, o sujeito que está à margem do que se entende como hegemonia social, cultural e econômica, que imprime um outro ritmo à vida e à cidade, percebemos que a lógica do uso do espaço desses haitianos é diferente. E o que tem me interessado é entender quais são os efeitos e as repercussões na construção da subjetividade, sobretudo sua relação com o trabalho. Mas o que temos é um mercado comandando a vida nas cidades. É uma verticalidade oposta às construções da horizontalidade, que Milton chama de espaços da solidariedade”, pontuou Carolyne.
Interdisciplinaridade – André Luiz Freitas Dias, psicólogo e coordenador do Programa Pólos de Cidadania da Faculdade de Direito da UFMG, fez a exposição seguinte ponderando que a psicologia não é suficiente para tratar de todos esses processos de produção de subjetividades na relação homem-cidades nos quais se vê tramas de poder, de produção de resíduos, de desigualdades e de exclusões. “No Pólos contamos com a presença de psicólogos, advogados, cientistas políticos e sociais (sociólogos, antropólogos, historiadores) e comunicólogos exatamente porque acreditamos que uma única disciplina não pode dar conta disso, seja na compreensão ou na busca de luta para processos de mais justiça social”, reforçou.
Roberta Von Randow, psicóloga, mestre em Psicologia Social (UFMG) e integrante do Movimento #ResisteIzidora concluiu a fase de apresentações antes do debate do Psicologia em Foco da noite. Ela iniciou dizendo que é preciso reconhecer os pontos onde os sujeitos vão cavando o seu espaço no mundo e poder testemunhá-lo. “Antes pensava-se que uma das formas de pensar na psicologia social era pela transformação social, como a promovemos. Hoje não temos mais essa pretensão. Testemunhamos esses fenômenos e transformamos em conhecimento e criamos projetos”, disse.
Após a roda de conversa, Joana Ladeira concluiu marcando a necessidade dos diversos campos como psicologia, geografia, comunicação, assistência social, saúde e educação estarem envolvidos na compreensão e nas lutas desses cenários que apresentam no campo urbano. “Temos que pensar no que esse homem lento traz para nós e que ele não está nos planos da cidade”, encerrou.