Psicologia em Foco discutiu o direito à terra sob a ótica dos Direitos Humanos

O Psicologia em Foco – evento semanal organizado pelo Conselho Regional de Psicologia Minas Gerais (CRP-MG) – debateu nesta quarta-feira (23), o processo histórico/social de ocupação e desocupação no Brasil e como a Psicologia atua nesse processo. Participaram da mesa a psicóloga Fabiana de Andrade Campos, doutora em Psicologia Social com 15 anos de pesquisa sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Minas Gerais; e frei Gilvander Luís Moreira, filósofo e teólogo, doutorando em Educação e, atualmente, acompanhando a luta pela terra no campo e na cidade. O debate foi mediado pela conselheira do CRP-MG, Mariana Tavares.

Fabiana Campos iniciou a discussão fazendo uma contextualização histórica da luta pela terra no país. Ela explicou que “são necessários processos educativos voltados para a compreensão da História de um ponto de vista crítico, (memória histórica)”, e que o processo de ocupação de terra se dá de maneira mais contundente pela posição de movimentos sociais. A psicóloga enfatizou a importância daquele que classificou como o maior movimento social no Brasil, o MST. Frei Gilvander contribuiu na fala da psicóloga dizendo que o MST iniciou com a luta pela terra e, com o tempo, ampliou para a educação, moradia, espaços de socialização, demarcação indígena, quilombos e o povo miscigenado.

A convidada ainda falou da metodologia utilizada em sua tese de doutorado “Massacre de Felisburgo: um estudo sobre o trauma psicossocial e os processos de resistência”. Segundo ela, “a intervenção psicossocial foi feita em três etapas: pessoal com atendimento clínico-individual às vítimas; comunitária nas formações grupais, coletivas, com possibilidade de refletir sobre o passado, presente e projetar o futuro, ampliado na dimensão da historicidade; e política, fazendo a publicização do acontecimento, por meio de intervenções políticas, jurídicas e sociais, com objetivo de criar mecanismos preventivos da violência contra a população”.

Reforma agrária –
 Frei Gilvander denunciou a indústria farmacêutica e o agronegócio, a quem ele referiu como um “pacto macabro”. Ele explicou o porquê do país ter apenas 0,5% de reforma agrária e 99% de latifúndios no território nacional: “no Brasil a terra é uma espinha dorsal do capitalismo, então você controla e impede a propriedade camponesa”.



– CRP PELO INTERIOR –