14 out Psicologia na atenção especializada – política para urgência e emergência de SM e hospitalar
A segunda mesa do Seminário Mineiro de Psicologia na Saúde Pública, promovido pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) no dia 9 de outubro discutiu a “Psicologia na atenção especializada – política para urgência e emergência de SM e hospitalar” sob a coordenação de Eduardo Ornellas, psicólogo, membro da Comissão Psicólogos da Saúde do CRP-MG.
Participaram como expositores Arnor José Trindade Filho, psicólogo, especialista em Dependência Química, referência da política de atenção à usuários de álcool e outras drogas da Coordenação Municipal de Saúde Mental; Rosa Maria Vasconcelos, psicóloga, gerente do Cersam Noroeste em Belo Horizonte/MG; e Alexandre Trino, sanitarista, mestre em Saúde Coletiva, coordenador adjunto de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde.
Alexandre Trino foi o primeiro a falar e ressaltou a importância e a necessidade de lutar por mecanismos, ações e cuidados que não violem os direitos humanos na Rede de Atenção Psicossocial (RAPs). “A resposta dada às necessidades de saúde das pessoas com transtorno mental e/ou usuários de álcool e outras drogas é pré-concebida. Não decorre de uma avaliação clínica do usuário e do contexto que ele está inserido. Mas a lógica da atenção psicossocial tem procurado desconstruir a partir da atenção e do cuidado com a base comunitária onde o individuo vive”, explicou o sanitarista.
Segundo ele, a RAPs tem como premissa fundamental a integralidade do cuidado e o fomento da intrasetorialidade e da intercentorialidade do território, pautada por sete componentes: atenção básica em saúde, atenção psicossocial especializada, atenção de urgência e emergência, atenção residencial de caráter transitório, atenção hospitalar (não são hospitais psiquiátricos), estratégias de desinstitucionalização e reabilitação psicossocial.
Em seguida se apresentou Rosa Maria Vasconcelos. Ela iniciou dizendo que não acredita que exista uma rede, mas sim pontos que permitem a construção de uma rede para um determinado momento. “Claro que a necessidade desses pontos estão postos. A construção dessa rede depende do movimento que o usuário precisa fazer dependendo da sua necessidade. Construir rede é um trabalho artesanal, braçal. É preciso coragem, decisão, persistência. Um trabalho que requer uma decisão dos diferentes âmbitos. Um trabalho que não pode excluir a participação de quem quer que seja”, pontuou a gerente do Cersam Noroeste em Belo Horizonte/MG.
Arnor Trindade Filho encerrou a fase de exposições relacionando a psicanálise ao tema central da mesa. Para ele, o ator “mais forte sustentável no discurso da psicanálise dentro dos serviços de saúde mental é o psicólogo, não necessariamente o psicanalista. Se o efeito prático, político e positivo da psicanálise nesta empreitada parecem evidentes, sua isenção no SUS traz por outra lado uma série de questões colaterais que afetam a concepção do tratamento na saúde pública, a rede assistencial de saúde mental em última instância, a própria psicanálise. O SUS não recruta psicanalistas, os concursos são voltados para médicos, psicólogos, enfermeiros e para o público em geral não há diferenciação”, disse ele.