Psicologia pode contribuir na acolhida de pessoas refugiadas

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou na quarta-feira, 16/6, a live “Dia mundial da(o) refugiada(o): o que a Psicologia tem a ver com isso?”. A data é lembrada em 20 de junho, próximo domingo.

A atividade debateu o papel da Psicologia na abordagem e acolhida das pessoas em situação de refúgio. O encontro teve a mediação do psicólogo e coordenador do grupo de trabalho Migração, Refugiados, Tráfico de Pessoas e Subjetividades do CRP-MG, Henrique Galhano. Falaram na oportunidade, a conselheira do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Sílvia Sander, e o estudante de Psicologia da PUC Minas e venezuelano refugiado no Brasil há três anos, José Miguel.

Sílvia Sander definiu o que se configura como pessoa em situação de refúgio: aquela que, a partir dos tratados internacionais e da legislação brasileira, cruza a fronteira internacional por ter um fundado temor de perseguição amparado na sua opinião política, religiosa, recorte étnico-racial, ou por pertencer a determinado grupo social particularmente discriminado ou criminalizado em dada sociedade.

Em outro momento, Sílvia trouxe dados que revelam o contexto de migração forçada, só no Brasil há 59 mil pessoas reconhecidas como refugiadas e cerca de 188 mil na condição de solicitantes, quando o processo ainda não foi finalizado. Para ela, esse cenário decorre de guerras e conflitos que seguem acontecendo no mundo. São pessoas advindas de diversos países, como Síria, Angola, Guiné Bissau, Colômbia e, em especial, a Venezuela, país que enfrenta uma crise civil, considerado pela ONU com um “cenário em que há grave e generalizada violação dos direitos humanos”.

Para José Miguel, natural de Carora, Venezuela, a acolhida é uma das primeiras urgências do refugiado e as pessoas que deixam o seu país de origem o fazem por motivos diversos. No caso dele, após o envolvimento na luta pela democracia, houve ameaças à sua vida e por isso, a decisão de deixar para trás a família, os amigos e os laços de afeto.

Henrique Galhano enfatiza que o compromisso ético e social da Psicologia perpassa a necessidade das psicólogas e dos psicólogos engajarem-se em temas como a questão migratória. Dessa forma, a profissão pode se aproximar de públicos pouco assistidos.

Durante a live, Sílvia e José Miguel explicitaram que pessoas em situação de refúgio chegam ao novo país com complexas demandas, precisarão aprender uma cultura diferente, existem dificuldades de adaptação e de entendimento do funcionamento daquele lugar, além dos traumas decorrentes da saída de seu país de origem. Por isso, se faz importante o acolhimento especializado, a escuta para atender essas pessoas nas suas especificidades e ajudá-las a passar por esse momento e realizar a plena integração social.

Assista a live na íntegra:



– CRP PELO INTERIOR –