Publicação sobre saúde do trabalhador está disponível no site do CRP-MG

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) lançou na sexta-feira, 29/7, a publicação “Saúde do trabalhador: saberes e fazeres possíveis da Psicologia do Trabalho e das Organizações”.  Para acessar a publicação na íntegra, clique aqui.

No evento de lançamento, a conselheira e coordenadora da Comissão de Psicologia Organizacional e do Trabalho (CPTO) do CRP-MG, Elizabeth de Lacerda Barbosa, explicou que a publicação resultou dos debates, contribuições e problematizações que aconteceram ao longo de quase seis anos de trabalho da CPTO.

A conselheira também traçou um panorama das discussões que envolvem a Psicologia e o trabalho nas organizações. “As mudanças políticas e sociais ocorridas nas décadas de 80 e 90, no contexto da reforma sanitária, levaram a muitas reformulações na saúde do trabalhador. Essas mudanças passam pela superação do paradigma da medicina do trabalho e a definição da saúde do trabalhador como um problema de saúde pública”, afirmou Elizabeth de Lacerda Barbosa.

Segundo Elizabeth, a compreensão das questões de saúde do trabalhador como concernentes ao campo da saúde pública também revelam a importância de que as(os) profissionais que atuam nesta área estejam atentas(os) às mudanças as quais o Sistema Único de Saúde (SUS) está sujeito no atual momento brasileiro. “O artigo 200 da Constituição Federal afirma que compete ao SUS executar ações de saúde do trabalhador e contribuir na proteção do meio ambiente. Ainda hoje damos pouca atenção a essa vinculação”, explicou.

“O trabalho tanto pode ser visto como fonte de saúde do indivíduo, mas também de adoecimento”, alertou a conselheira.

Riscos psicossociais
A conferência do evento foi proferida pelo psicólogo, doutor em Educação/Psicologia, com três pós-doutorados, professor, pesquisador e consultor, José Carlos Zanelli.

Zanelli defendeu a importância de que as organizações brasileiras implantem programas de gestão preventiva de riscos psicossociais no trabalho. Segundo o professor, a gestão deste tipo de risco já acontece há alguns anos em países europeus, mas ainda não é realidade no Brasil. De acordo com o pesquisador, ainda há dificuldades de se compreender o bem-estar psicológico e as doenças como resultados do que acontece no ambiente das organizações de trabalho. Nesse sentido, é comum compreender o bem-estar ou o adoecimento como decorrentes apenas das ações individuais, o que retira responsabilidades que os dirigentes deveriam assumir.

José Carlos Zanelli explicou que as(os) profissionais de Psicologia que atuam no contexto das organizações devem estar muito atentas(os) a tudo o que ocorre nos diversos âmbitos, do nível individual à macroestrutura política e econômica. “Para a(o) psicóloga(o) que atua em organizações, o cliente é a organização inteira, ela(e) não pode atuar apenas no nível individual e tem que olhar para todos, inclusive para os dirigentes, nas suas tensões”, afirmou.

O professor também chamou a atenção para o fato de que os riscos psicossociais são invisíveis, portanto, é importante que as(os) psicólogas(os) observem alguns indicadores que podem sinalizar a existência de tais riscos. Dentre esses indicadores estão: assédio e violência no trabalho, adição ao trabalho, consumo abusivo de álcool e outras drogas, estresse, depressão, ansiedade, suicídio, entre outros.

Além de atuar na identificação dos riscos psicossociais, Zanelli afirmou que é importante construir e implantar formas de prevenção e controle. Esse é um dos desafios que está posto para os profissionais de Psicologia que atuam contemporaneamente no âmbito do trabalho e das organizações. Um dos caminhos que o professor apontou para que se avance nesta área é a realização de pesquisas e estudos das experiências estrangeiras, para que a partir disso seja possível adaptá-las ao contexto brasileiro.

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– CRP PELO INTERIOR –