Público dialoga sobre interseccionalidade e violência política de gênero em BH

O encontro foi realizado na sede do CRP-MG e já está disponível no YouTube

Na noite da última sexta-feira, 23, o público se reuniu no Auditório Rosimeire Aparecida da Silva, na Sede do CRP-MG, em Belo Horizonte, para dialogar sobre Interseccionalidade e Violência Política de Gênero.

Na ocasião, convidadas e plateia refletiram sobre as manifestações de violência política que acometem especialmente as mulheres, analisando como essas violações são influenciadas por fatores como orientação sexual, raça e identidade de gênero.

O evento foi aberto pela vice-presidenta do CRP-MG, Liliane Martins, que ressaltou a importância da temática. “Minas Gerais lidera o ranking de violência política e a Psicologia precisa se implicar com essas questões, lembrando que a violência de gênero vem atravessada por outras questões, como a racial e a orientação sexual”, destacou a conselheira.

Coordenadora da Comissão de Orientação Mulheres e Questões de Gênero do CRP-MG na subsede Centro-Oeste, Priscilla Messiane explicou que violência política contra as mulheres resulta de uma gama de danos dirigidos para miná-las enquanto protagonistas políticas. “É um ataque coordenado, e não é por questões partidárias. É todo um uníssono de homens parlamentares dirigindo a essas mulheres eleitas, mas excluídas da vida pública enquanto grupo, a mensagem: ‘o seu espaço não é aqui, volte para o lugar onde você deveria estar, que é o âmbito doméstico’”, lamentou a psicóloga. Priscilla ainda frisou que uma violência específica frequentemente coexiste com outras formas de discriminação e assédio.

A conselheira e integrante da Comissão Permanente de Direitos Humanos do CRP-MG, Isabella Lima, lembrou o assassinato de Marielle Franco e evidenciou os ataques sofridos pelas agentes políticas: “Mulheres e pessoas LGBTQUIA+ que ocupam esses lugares podem representar uma ameaça se elas tiverem uma leitura crítica e um posicionamento socialmente engajado, que compreenda o que a gente a gente produz e repete e o que a precisa transformar”, alertou a psicóloga. Durante sua fala, a conselheira ainda ressaltou a nota pública divulgada pela Comissão de Direitos Humanos em apoio a parlamentares mineiras ameaçadas e defendeu a construção de projetos coletivos. “A violência política de gênero é sentida de uma forma muito mais avassaladora quando as mulheres estão em posições individuais”, observou Isabella.

O encontro foi mediado pela Conselheira referência nas Comissões de Orientação em Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual e de Orientação em Psicologia e Juventudes, Lorena Rodrigues. A psicóloga concluiu que o desafio das mulheres e pessoas LGBTQUIA+ não é só para ocupar esses lugares, mas também para permanecer. Na ocasião, Lorena destacou, ainda, trechos da música Dito pelo não dito, da artista pernambucana Doralyce:

“Não digo nada, apenas existo no espaço
Me movimento e desacorrento o meu pensamento do laço.
Quando entendo o fundamento que essa estrada é longa,
Tereza de Benguela e Dandara me dando bronca!
Cê tá calma, fia? Eles te quer raivoso.
Entra na Casa do Senhor e tome o nosso ouro.”

Confira o diálogo na íntegra no canal do CRP-MG no Youtube.

A atividade integrou a série Psicologia em Foco na capital mineira e se configura como um evento preparatório para o 12° COREPSI/MG. Saiba mais sobre todo o processo do COREPSI no hotsite do Congresso.

Assista:



– CRP PELO INTERIOR –