Reflexões sobre práticas libertadoras para a mulher em situação de violência é tema de live do Conselho

Evento virtual integrou a série “Saúde Mental de Janeiro a Janeiro” do mês de agosto

No mês que se marca a promulgação da Lei nº 11.340 ou Lei Maria da Penha, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), por meio da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, realiza a live “Reflexões sobre práticas libertadoras para a mulher em situação de violência”. O evento virtual aconteceu na terça-feira,30, dentro da série Saúde Mental de Janeiro a Janeiro.

Participaram como expositoras Ivete Miranda, graduada em Psicologia, servidora pública dos municípios de Itaúna e Divinópolis, sendo que nesta última está cedida à Polícia Civil, onde desenvolve seu trabalho na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher; e Pedrina Gomes, assistente social, coordenadora da Casa de Referência da Mulher Tina Martins e também do Movimento de Mulheres Olga Benario. A conselheira Cristiane Nogueira mediou a live.

Ao abrir a fase de exposições, Ivete Miranda propôs uma reflexão para que as(os) participantes pudessem compreender o complexo fenômeno da violência contra a mulher, passando por cada estágio, ao elencar as práticas do agressor. “Para que a mulher possa se libertar é preciso conhecer o que é a violência, quais são suas formas, o que é um relacionamento abusivo”, explica. Na visão da psicóloga, é necessário dar mais voz à mulher pois, embora haja avanços no combate às agressões, o silenciamento ainda é forte, refletindo diretamente na saúde da vítima. “Não é simples. É um processo delicado, que requer suporte, ajuda, apoio e dentro dessa transformação preciso também buscar o empoderamento”, conclui.

Pedrina Gomes se apresentou em seguida ressaltando a importância de existirem espaços para que as mulheres sejam acolhidas e não mais revitimizadas. Ressaltou a existência da Lei nº 14.188, que incluiu no Código Penal o crime de violência psicológica contra mulher, como um grande avanço para o país. Em sua fala a assistente social pontuou que a violência é tão perversa que ele separa a mulher da sua própria dignidade e a coloca sem saída, se vendo presa ao agressor por considera-lo que somente ele é capaz de conseguir manter um convívio, de aguentá-la. A sociedade, por sua vez, segundo ela, vê o homem como um bom cidadão. “Essas mulheres buscam uma proteção, mas infelizmente não encontram de forma integral. É preciso dar ela garantias de saúde, educação, trabalho, moradia”, contextualiza, completando que “desconsiderar a falta de política pública que garanta tanto a prevenção como a proteção dessas mulheres, é negar a aplicação de uma legislação. É negar o básico, que são os direitos humanos”.

Antes de abrir a roda de conversa com o público, a integrante da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do CRP-MG, Cristiane Nogueira, analisou as exposições feitas e colocou algumas reflexões: “será que conseguimos essas práticas de libertação da violência somente com as mulheres? Como fazer isso a partir das masculinidades? Como pensar mecanismos que podem ser libertadores considerando que o enfrentamento não pode ficar como desfecho da Lei Maria da Penha? Como operar com mecanismos para que possamos libertar a nossa cultura?”.

Assista a live aqui:



– CRP PELO INTERIOR –