Roda de Conversa dialoga sobre ouvidores de vozes e a importância da diversidade

No dia 29/8, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou roda de conversa “Tutorial de ouvidores: entre nós e vozes, instrumentalização para grupos de ouvidores de vozes”. O evento refletiu sobre a importância da integração de pessoas que escutam vozes na sociedade.

A humanização das relações, a comunicação não-violenta, a diversidade e a valorização das vivências dessas pessoas foram os principais pontos pautados durante a conversa. O psicólogo e membro fundador do movimento “Ouvidores de Vozes – Brasil”, Leonardo Duart Barros, foi convidado para relatar suas experiências com o projeto em Campinas/SP.

O psicólogo explicou que o projeto é um espaço para compartilhar as experiências humanas e que, além de um espaço terapêutico, é um lugar que luta pelos direitos humanos. “O grupo não quer trazer uma visão romântica para o sofrimento, mas um olhar diferenciado para o sujeito, as diversas formas de estarem vivos e serem humanos”, explicou.

“Nós não queremos diminuir a importância desse sofrimento, mas defender que o foco do atendimento não seja na diferença e sim na história de vida”, contou Leonardo. Em determinados casos, as vivências e os sentimentos dessas pessoas são banalizados por profissionais do cuidado, devido ao acesso desses relatos virem das vozes que os usuários escutam, enfatizou.

Outros pontos citados foram o desafio da interdisciplinaridade entre as áreas do cuidado e o excesso de medicalização. O psicólogo explicou que ao invés de haver uma orientação sobre as possíveis formas de conviver bem com as vozes, acontece o excesso no uso remédios para que haja um controle maior dessas pessoas.

Reprimir os indivíduos que escutam vozes em busca de “normalizar” seu comportamento gera maior sofrimento, destacou. Integrantes do grupo relataram que, em certos casos, não informaram os médicos sobre o fato de começarem a ouvir vozes ou do aumento dessas vozes, para que não houvesse um reajuste na medicação.

A horizontalidade das relações e a ideia de não hierarquização dos cargos também é defendida pelo grupo. Dessa forma, há uma maior autonomia para todas(os) as(os) integrantes do grupo, que trabalham o senso de coletividade, pontuou o psicólogo.

O movimento possui uma página no Facebook, conheça.



– CRP PELO INTERIOR –