Saúde Mental da População Indígena é tema de live da série Janeiro a Janeiro

Diálogo destacou as especificidades da atuação psi na garantia de saúde integral e de acesso às políticas públicas voltadas para essas comunidades

Na última terça-feira, 30/05, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou mais uma live que integra a série “Saúde Mental de Janeiro a Janeiro”. Na atividade, o bem-estar psicológico dos povos indígenas e as particularidades da atuação profissional com esses grupos foram versados.

Os povos indígenas possuem uma relação intrínseca com suas línguas, costumes e tradições. No entanto, enfrentam inúmeros desafios, como a perda de territórios, a violência, a discriminação e a falta de acesso a serviços básicos de saúde e educação. Essas adversidades têm um impacto significativo na saúde mental e no bem-estar.

Durante a live, os participantes destacaram a importância de políticas públicas efetivas para a promoção da saúde mental dos povos indígenas.

Participaram da conversa, o psicólogo e colaborador da Comissão Étnico Racial do CRP-08, Fábio Henrique Arevalo, e o conselheiro e coordenador conjunto das Comissões de Orientação em Psicologia e Relações Étnico-Raciais e Psicologia do Esporte do CRP-MG, Hudson Carajá.

O cacique Eni Carajá, um dos participantes convidados, teve problemas com a conexão de internet. Os demais participantes lamentaram o contratempo e reconheceram a importância do Cacique na defesa das políticas públicas da população indígena.

A falta de territórios demarcados e a ameaça constante de invasões e exploração predatória trazem impactos negativos, desencadeando conflitos, tensões e vulnerabilidades psicossociais nas comunidades indígenas.

O psicólogo Flávio Arevalo apontou que a articulação de políticas públicas de saúde mental para povos originários passa pela territorialidade: “quando falamos da promoção da saúde mental das populações indígenas, falamos também de um fator que não se desvincula que é a relação e acesso com o território.” citou.

“Como indígena de contexto urbano não posso falar em nome da população que está no território, mas é possível possibilitar caminhos para que esses indivíduos acessem e ocupem outros espaços”, frisou.

É importante ressaltar que a identidade indígena não está restrita a uma determinada localidade geográfica. Os indígenas em contexto urbano são munidos de uma herança ancestral que permeia todas as esferas de suas vidas, seja nas tradições, nos rituais ou nos valores transmitidos de geração em geração.

Hudson Carajá marcou que independentemente do local onde residem, todos os povos indígenas possuem uma ligação profunda com suas raízes culturais e ancestrais.
“É essencial nos fazermos presentes e reforçar que o indígena é indigena em qualquer contexto.” ressaltou.

A luta por mais visibilidade implica na criação de espaços de diálogo e troca de experiências, na promoção de políticas públicas que garantam seus direitos e no combate a estereótipos e preconceitos que possam marginalizar essas comunidades. Hudson evidenciou a atuação dos profissionais de Psicologia nessa frente como ponto central para a efetivação de direitos. “Quando eu entendo o contexto de ser indígena, compreendo que é uma batalha de resistência e que temos pessoas que continuarão nesta luta para garantir o acesso a serviços de saúde mental, com profissionais capacitados e sensíveis às necessidades e especificidades indígenas”, indicou.

A publicação Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) junto aos Povos Indígenas, publicada pelo Crepop, em 2022, enfatiza a urgência de uma prática focada nas garantias da saúde psíquica desses grupos, considerando a pluralidade de etnias e as singularidades de cada indivíduo.

Assista a live na íntegra:



– CRP PELO INTERIOR –