Sintomas contemporâneos da misoginia organizada em grupos masculinos são abordados em live

A atividade apresentou as implicações do discurso de ódio contra as mulheres pelos masculinos “Red pill”

A ascensão de grupos e fóruns on-line contrários à participação feminina na sociedade se relacionam intrinsecamente às violações psicológicas, físicas e sociais experienciadas por mulheres. Na última terça-feira, 28, essa foi a discussão proposta na transmissão da série “Saúde Mental de Janeiro a Janeiro”, no canal do youtube do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG).

Os ataques sofridos pela atriz e roteirista Livia La Gatto e pela cantora e influenciadora digital Bruna Volpi foram o mote para a exposição do tema.

Junto à influenciadora, a psicóloga e conselheira coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia, Mulheres e Questões de Gênero, Ana Maria Prates, também esteve presente. A conselheira secretária do CRP-MG e referência do Crepop no atual Plenário, Paula de Paula, realizou a mediação.

Bruna Volpi, apontou em sua fala que esses movimentos digitais trazem à tona uma lógica de graves violações aos direitos das mulheres: “Os discursos dos líderes e dos participantes do movimento Redpill tem consequências avassaladoras, tais como a violência e o feminicídio”, assevera.

Ana Maria Prates reforçou as normativas legais que resguardam as garantias do público feminino. A profissional apontou que é preciso sistematizar ações que façam frente a essas múltiplas violências experienciadas: “precisamos, enquanto mulheres, ocupar o Conselho Municipal e o Conselho Nacional da Mulher. Dessa forma é possível acompanhar e fiscalizar o Legislativo dentro das instâncias de controle e participação social. Elas foram conquistadas com muito esforço e é necessário dar vazão e conhecimento a elas.” ressalta.

A psicóloga indicou que na atenção básica, existem atores que efetivam as orientações de identificação, acolhimento e notificação de situações de violência, como o CREAS e o CRAS, por exemplo. Ela explicou que é necessário evidenciar e fomentar essas ações para que as violências não ocorram.

Ana Prates discorreu que é imprescindível articular uma frente ampla e que essas reivindicações são de suma importância para a garantia dos direitos básicos das mulheres.

Bruna Volpi aproveitou para colocar a reflexão de que o público masculino também pode se implicar na desconstrução do pensamento machista que impera nessas comunidades on-line: “quando um homem percebe uma fala extremamente misógina, não adianta só não concordar, é necessário problematizar isso no dia a dia. É preciso para além de parar de fazer, chamar a atenção de quem faz”, cita.
Ela afirma que, dentro de uma perspectiva em que o machismo atravessa o cotidiano dos indivíduos, é necessário haver uma consciência coletiva de enfrentamento.

Paula de Paula reforçou as referências técnicas que amparam o trabalho de psicólogas(os) que estão na frente das políticas públicas de atenção à violência contra a mulher.

A mediadora ainda propôs uma observação sobre o direcionamento do ódio por parte dos grupos misóginos: “será que esse ressentimento não tem a ver com noções rígidas sobre o sexo, e papéis de gênero e um censo de privilégio ferido por causa das conquistas femininas ?”, questiona.

A conselheira concluiu argumentando que no processo de entendimento das diversas opressões de gênero, faz-se necessário reforçar a indispensabilidade de ações que não partam de um viés patriarcal.

Assista a íntegra:



– CRP PELO INTERIOR –