Trabalhadoras(es) da política pública de assistência social apontam potencialidades do SUAS

Para encerrar o 3º Encontro Estadual de Psicólogas(os) do SUAS, realizado pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), por meio da Comissão de Psicologia e Política de Assistência Social, em Belo Horizonte, no último dia 24/5, as(os) cerca de 500 participantes se organizaram em rodas de conversa com os temas: Práticas de elaboração de documentos; Práticas de fortalecimento de vínculos na comunidade; Práticas interdisciplinares no SUAS; Práticas de trabalho em rede, intersetorialidade e integralidade no SUAS; Práticas de relação com o sistema judiciário; Práticas de fortalecimento de vínculos familiares; Práticas de controle social para fortalecimento do SUAS; Práticas de combate do preconceito ao usuário do SUAS; Práticas de enfrentamento à violência no SUAS; e Práticas de Emergências e Desastres no SUAS.

Sob o título “Daqui para frente…”, as psicólogas Deborah Akerman, coordenadora da pós-graduação em Política de Assistência Social do IEC PUC Minas; e Lívia de Paula, trabalhadora do SUAS, técnica de Referência do CREAS – Itaúna/MG e colaboradora da Comissão de Psicologia e Política de Assistência Social do CRP-MG e do Blog Psicologia no SUAS, fizeram uma avaliação da produção das rodas de conversa.

“Estou muito impressionada com a maturidade e com a mudança que a Psicologia tem apresentado no SUAS: se lá em 2013 discutíamos a nossa identidade, hoje atingimos um novo patamar e temos muitos desafios superados”, disse Deborah Akerman. Entre os destaques apontados pela psicóloga está o fato das(os) trabalhadoras(es) do SUAS conseguirem identificar suas potencialidades sem se ater somente às vulnerabilidades. Também a capacidade de reconhecimento do trabalho, dos direitos e a preocupação em não promover violações. “Nós lidamos com uma população que já é violada, que já é vulnerabilizada. Devemos ter todo o cuidado para que o nosso trabalho não fragilize ainda mais essas(es) usuárias(os)”, alertou ela.

Protagonismo de usuárias(os) – Outra novidade indicada por Deborah Akerman nas apresentações das rodas de conversa e no próprio encontro foi a urgência do protagonismo da(o) usuária(o): “é fundamental trazer para o centro. Dar voz a essas pessoas. Nós ainda não conseguimos, mas foi apresentado como um desafio. Pelo menos agora estamos conscientes que isso é necessário. A(o) usuária(o), aqui, nos deu várias lições e acredito que daqui para frente teremos boas perspectivas se seguirmos esse caminho da escuta”.

Ao encerrar sua avaliação, Deborah Akerman ressaltou ainda pontos como o entendimento por parte da categoria de psicólogas(os) da importância da interdisciplinaridade, das equipes multiprofissionais; as novas ferramentas metodológicas; a complexidade das discussões sobre territórios e vínculos; e ainda a importância da postura ética.

Lívia de Paula encerrou os debates ressaltando o quanto o 3º Encontro fortaleceu as(os) trabalhadoras(es) “diante de um momento político que nos desafia todos os dias”. Em sua avaliação, ressaltou o valor do convívio entre quem faz a política pública, e até mesmo com os desafios diários: a convivência com o sistema judiciário, a urgência da empatia com a(o) usuária(o) e o pensar fora da caixa.

“Como é bom ver o quanto a(o) usuária(o) nos tira do lugar cômodo, lugar que por muito tempo ocupamos. O quanto é possível ainda construir. Nós que estamos no interior achamos que temos mais desafios e esse encontro nos deu novos subsídios para levarmos para os nossos municípios”, assinalou a psicóloga, que ainda chamou a atenção para o que nomeou como o principal desafio das(os) trabalhadoras(es): o preconceito com a(o) usuária(o) e com as(os) colegas.



– CRP PELO INTERIOR –