27 nov Violência contra a mulher mobiliza audiência pública com participação do CRP-MG
A cada 6 horas uma mulher morre vítima de feminicídio no Brasil
A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou audiência pública no último 25 de novembro com o tema “Feminicídio Zero!”, em Belo Horizonte. A atividade legislativa foi proposta pela presidenta da comissão, deputada Ana Paula Siqueira (Rede) e teve por finalidade ressaltar a campanha nacional de 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, iniciado no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro. O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) participou, assim como realiza ações permanentes de orientação e integra mobilizações com vistas à proteção da mulher.
Entre as informações compartilhadas na audiência figuraram que a cada 6 horas uma mulher morre vítima de feminicídio no Brasil e que de janeiro a outubro deste ano, Minas registrou 335 tentativas de assassinatos, das quais 118 foram consumadas. Diariamente, no mundo, 140 mulheres são mortas por alguém de sua família, o equivalente a uma a cada 10 minutos. Os dados constam do relatório “Feminicídios em 2023”, divulgado pela ONU.
Conforme afirmou a coordenadora-geral da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) do Ministério das Mulheres, Ellen dos Santos Costa, o feminicídio, a forma mais grave, é resultado das desigualdades estruturais, culturais e históricas de cada nação. O Brasil está entre as primeiras posições da lista mundial desse tipo de crime.
A deputada Ana Paula Siqueira lembrou que de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, dos 1.463 assassinatos de mulheres no ano passado, 63,3% das vítimas eram negras. A parlamentar lamentou o fato de Minas Gerais liderar o ranking do feminicídio no País. “Precisamos falar sobre violência com as mulheres, porque boa parte ainda não identifica o que está passando”, afirmou a deputada.
Liliane Martins, conselheira vice-presidenta e referência da Comissão de Orientação em Psicologia, Mulheres e Questões de Gênero do CRP-MG provocou as demais participantes da audiência sobre como a interseccionalidade tem relação direta com o tema. “As mulheres negras estão na parte mais baixa da pirâmide social, por isso temos que dialogar sobre o empoderamento financeiro. Elas são 50% mais suscetíveis ao desemprego e quase sempre dependem do agressor para viver. Não conseguem sair de casa levando seus filhos para fugir da violência doméstica”, alertou a psicóloga que ainda chamou a atenção para o fato de que além do que está tipificado na Lei Maria da Penha é urgente tomar providências contra o silenciamento, a solidão, a violência obstétrica, o transfeminicídio e o lesbocídio.
Assista aqui a audiência: