Visibilidade e reivindicações da comunidade LGBTI são tema de programa de rádio

Psicologia em Foco no rádio fala sobre os 50 anos do Levante de Stonewall

Nesta quarta-feira (10), o Psicologia em Foco no rádio convidou a psicóloga, conselheira e coordenadora das Comissões de Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual, e de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG, Dalcira Ferrão, para falar sobre a Parada LGBTI desse ano e as perdas de direitos desse grupo.

Ouça o programa.

Em sua 22º edição a Parada LGBTI de Belo Horizonte tem como tema “Não aos retrocessos! Revivendo Stonewall”, levante realizado em Nova York, em 1969, e que ficou mundialmente conhecido como ato de resistência da população LGBTI. “Essa rebelião durou dias de resistência em um bar exclusivo para pessoas LGBTI e ficou um marco histórico de visibilidade, resistência e de orgulho para essa população”, explicou Dalcira.

Sobre a Parada LGBTI, a psicóloga afirmou ser um ato político, cultural e festivo. Um momento de visibilidade, reconhecimento, valorização e de reivindicação das demandas mais urgentes para comunidade LGBTI. É uma forma de dar visibilidade para esse grupo ainda marginalizado socialmente.

As negligências do Estado com relação às políticas públicas voltadas para a comunidade LGBTI foram destacadas por Dalcira, seja na educação, segurança pública, assistência social, como em outras. “No que diz respeito à segurança pública, por exemplo, nós temos dados não notificados pelo Estado, mas pelo movimento social. Obviamente que esses dados ficam subnotificados, tanto os de violência como os de assassinatos da população LGBTI”, criticou.

A não garantia, assim como o não acesso ou a não permanência de pessoas transexuais e travestis nos ambientes escolares, além da dificuldade de inclusão de temas transversais, como gênero e diversidade nas escolas, também foi levantado por Dalcira Ferrão.

Questionada sobre a ação do Supremo Tribunal Federal (STF) no enquadramento da LGBTIfobia ao crime de racismo, a psicóloga afirmou que é um passo importante, visto que não existia até o momento leis específicas que promovam a proteção da população LGBTI no país. “Essa é sim uma necessidade”, disse.

No entanto, destacou a necessidade de uma análise crítica para que os mesmos grupos encarcerados massivamente no sistema prisional brasileiro, não sejam prejudicados por essa decisão.  “Perceber que esses processos discriminatórios onde os preconceitos se materializam em discriminação, e que possa ser tipificado penalmente no nosso país tem que ser avaliado com muito cuidado”, enfatizou.

Também acrescentou que o contexto social, histórico, racial, geracional e de classe influenciam nas medidas legislativas, como a enquadrada pelo STF, e que não devem ser usadas como forma de re-vitimização desses grupos.

O programa Psicologia em Foco no rádio é uma parceria do CRP-MG com a Rádio Inconfidência. Vai ao ar toda quarta-feira, às 12h30, pela frequência 880AM ou online no www.inconfidencia.com.br.



– CRP PELO INTERIOR –