Comissão de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG relata seus enfrentamentos

O Psicologia em Foco desta quarta-feira, 21/10, marcou o Dia da Consciência Negra ao abordar o tema “A Comissão de Psicologia e Relações Étnico-Raciais e seus enfrentamentos”. O evento, realizado pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), integra um ciclo de debates semanais, sempre às 19h, na sede do CRP-MG e traz temas de interesse da categoria e da sociedade.

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Nesta edição foram convidadas as psicólogas Thalita Rodrigues, doutoranda em Estudos Psicanalíticos, mestra em Psicologia Social, especialista em Teoria Psicanalítica e coordenadora da Comissão de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG; e Aline Alvarenga, especialista em “Cidadania e Direitos Humanos no contexto das Políticas Públicas” (PUC Minas), trabalha com políticas públicas e atualmente está como analista social no Programa Fica Vivo. A mesa foi mediada por Rayssa Marques, psicóloga (PUC Minas), membro da Comissão de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG.

Aline Alvarenga relatou sobre a dificuldade desde de o início de sua vida universitária para encontrar referências que abordem as questões raciais nas áreas da Psicologia. “Mesmo com essas dificuldades, buscamos outras fontes, que existem e não são divulgadas. Procuramos realizar uma prática diferente da que nos é ensinada pelo saber tradicional da Psicologia, que por muitos anos contribuiu para a reprodução das desigualdades vivenciadas pela população negra”, completou.

A psicóloga contou que por mais que as referências fossem limitadas, a Comissão de Relações Étnico-Raciais do CRP-MG a permitiu conhecer mais sobre as questões da população negra e as reflexões que têm sido realizadas no âmbito da Psicologia.

Por último, Aline reforçou que racializar a Psicologia tem sido um desafio longo e de difícil empreendimento pelas(os) psicólogas(os). “Há uma forte resistência em reconhecer o racismo como categoria de análise do sofrimento psíquico e, até mesmo, como algo estruturante da sociedade brasileira que faz parte da herança histórica da Psicologia no Brasil”, finalizou.

Para dar continuidade, Thalita Rodrigues fez um resgate sobre o processo de criação da Comissão, em 2017, e como os temas referentes às Relações Étnico-Raciais têm sido trabalhados. Segundo ela, a Comissão existe para que a categoria fortaleça o debate racial nas diversas áreas de atuação e teorias psicológicas. “O racismo existe. Ele não é uma ideia e, sim, um fato”, reiterou.

A psicóloga também questionou se existe alguma área da Psicologia que trabalha exclusivamente o racismo e alertou, também, para a necessidade de racializar a prática. Para ela, isso é admitir que as relações são atravessadas pelas emoções raciais e o racismo está presente em todas elas. “Se alguém está sendo afetado negativamente, outro está sendo beneficiado com isso. Precisamos pensar, junto aos psicólogos brancos, como lidar com o racismo dentro do nosso meio”, pontuou.

Esta edição do Psicologia em Foco integra a agenda de eventos preparatórios para o X Congresso Regional da Psicologia de Minas Gerais (Corep).



– CRP PELO INTERIOR –