24 nov Conselho leva ao 6º CBP reflexões, pioneirismo e produtos importantes para a Psicologia
Evento reuniu mais de 6 mil pessoas em cinco dias de atividades
Celebração, intercâmbio de experiências e ideias, reforço de parcerias, valorização das práticas. Esses foram os conceitos que permearam o 6º Congresso Brasileiro Psicologia: Ciência e Profissão, na opinião das(os) psicólogas(os) que representaram o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG). O evento reuniu mais de seis mil participantes entre estudantes e profissionais, no Memorial da América Latina e na Uninove, em São Paulo, de 11 a 15 de novembro. Veja as fotos.
A solenidade de abertura contou com homenagem às vidas perdidas durante a pandemia de Covid-19 e também com a conferência magna da psicóloga Maria Aparecida Bento, conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT). A programação – recheada de oficinas, mesas redondas, painéis e simpósios – destacou momentos como a cerimônia de premiação sobre Práticas Inovadoras no Exercício da Psicologia Brasileiro, edição 2022, que escolheu para o terceiro lugar na categoria “Experiências ou produtos derivados do trabalho profissional individual ou coletivo da(o) psicóloga(o)” a cartilha “Guia – Migração, refúgio, tráfico de pessoas e subjetividades”, elaborada pelo CRP-MG.
Outro momento de destaque do Congresso foi o lançamento do volume 1 e do volume 2 da obra “Psicologia Brasileira na Luta Antirracista” – realização da Campanha Nacional de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia 2020-2022: “Racismo é coisa da minha cabeça ou da sua?”. A conselheira vice-presidenta do CRP-MG, Liliane Martins, é uma das autoras da publicação com o capítulo “Minha voz uso pra dizer o que se cala: das intersecções de ser LGBTI+ negras/os no Brasil”.
O pioneirismo mineiro também foi evidenciado, sob muitos elogios, no Simpósio “Implementação da Lei 13.935/19: avanços e desafios para a Psicologia Escolar”. Stela Maris Bretas Souza, que foi conselheira da autarquia e da representação estadual da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (Abrapee), coordenou o simpósio e, ao lado do conselheiro e coordenador da Comissão de Orientação em Psicologia Escolar e Educacional do CRP-MG, Celso Tondin, relatou o percurso realizado no estado. A conselheira do Conselho Federal de Psicologia, Norma Cosmo, discorreu sobre o trabalho do GT nacional.
Tondin enumerou os seguintes desafios para as(os) participantes: reconhecimento da(o) psicóloga(o) como profissional da Educação; luta pelo financiamento das equipes de Psicologia e Serviço Social no âmbito do percentual mínimo de 70% do Fundeb destinado ao pagamento de honorários de profissionais da Educação; melhoria das condições de trabalho; melhoria na formação inicial e garantia de educação permanente das equipes; despatologização, desmedicalização e não psicologização das questões escolares; apropriar-se das políticas educacionais; o modo de lidar com o tema das competências socioemocionais das(os) estudantes presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC); vinculação efetiva da(o) psicóloga(o) com a realidade escolar; discussão acerca da ideologia de gênero, escola sem partido, escola cívico-militar e homeschooling; e o foco na valorização das diversidades socioculturais e na redução das desigualdades escolares.
O conselheiro também questionou se os esforços das entidades serão destinados ao pleito da alteração do artigo 61 da LDB, que define quem são as(os) profissionais da Educação, para incluir psicólogas(os) e assistentes sociais; e se os Ministérios Públicos serão acionados para promover termos de ajustamento de conduta das(os) gestoras(es) que não cumprem a Lei 13.935/2019.
Debates – A programação científica e de práticas exitosas do Congresso contou com a condução de conselheiras(os) e integrantes de comissões do CRP-MG em diversas atividades. Confira as avaliações:
“Minhas expectativas foram superadas em relação ao número de participantes das atividades que ministrei: tínhamos representantes de todo o Brasil com práticas e dúvidas diversas, ampliando as possibilidades de intercâmbio. Sem dúvida todas(os) as(os) profissionais e discentes deveriam estar presentes neste Congresso pela possibilidade de trocas de experiências, de visibilidade das nossas ações e práticas e também para realçar a importância do Sistema Conselhos por meio da apresentação de práticas desenvolvidas pelas comissões. Este foi o maior Congresso Brasileiro da Psicologia, apresentando a diversidade e a pluralidade da nossa ciência e da nossa profissão.”
Conselheira Elza Lobosque
“O 6º Congresso foi gigante. Propiciou muitas trocas, muitas mesas com falas importantíssimas como a de Cida Bento e a de Paula Gonzaga. O CRP-MG participou em diversos espaços com muita qualidade. O lançamento do livro “Psicologia Brasileira na Luta Antirracista”, no último dia do evento, se configurou em um ponto alto, pois temos que lembrar sempre que o CFP só começou a discutir raça em 2002 e o CRP-MG em 2015. Hoje temos 87 conselheiras(os) negras(os) no Sistema Conselhos de Psicologia. E o Congresso serviu para refletir se os conselhos estão de fato preparados para serem representados por pessoas negras, problematizar a questão racial e como a branquitude se mantem nesses espaços de poder e o que essas instituições da Psicologia estão dizendo quando enviam para este grande evento 27 representantes brancas.”
Conselheira vice-presidenta Liliane Martins
“Avaliamos como positiva a nossa participação no Congresso pois levamos o trabalho que estamos realizando no CRP-MG de forma pioneira, o que levou diversas pessoas a se interessarem pela Comissão de Orientação em Psicologia e Migração e fomentou o desejo de levar a proposta para seus conselhos regionais. Quem esteve conosco nas atividades levou muita qualidade e engajamento para os debates.”
Conselheiro Henrique Balieiro
“Foi um grande evento, com programação extensa, diversificada e de temáticas bem atuais, abarcando todas as áreas da Psicologia. Foi também uma oportunidade de intercâmbio com outros CRPs e demais entidades da Psicologia. Nas atividades que conduzi, a primeira apresentei a cartilha produzida pela Comissão do SUAS em 2021 “A Psicologia no Sistema Único de Assistência Social (SUAS): o que temos a dizer?” em uma roda de conversa. Depois conduzi uma oficina onde discutimos sobre as relações estabelecidas entre o SUAS e o Sistema de Justiça. Fizemos reflexões e orientações acerca dos encaminhamentos do judiciário à categoria inserida no SUAS, que muitas vezes extrapolam suas competências. Conversamos sobre como responder com uma negativa quando é necessário.”
Conselheira Marleide Marques
“O congresso foi diverso, plural e agregador. Foram muitas atividades e muita produção em quatro dias. Além dos debates e reflexões, fizemos a marcação de uma de nossas lutas prioritárias: a jornada de até 30h para a Psicologia. Sobre a atividade que ministrei, ressaltei as ações necessárias à construção, implementação e sustentação das redes de Saúde Mental para o enfrentamento dos desafios atuais nesse exercício de gestão. Sabemos que grande parte das(os) profissionais da Psicologia trabalha no Sistema Único de Saúde e, dessas, muitas(os) nas redes de saúde mental em cargos de coordenação. Por isso, a oficina propôs a construção de um saber crítico sobre o tema.”
Conselheira Lourdes Machado
“Avalio o congresso de maneira positiva. Nas atividades que conduzimos foi possível discutir a atuação de profissionais de Psicologia em desastres e qual o papel dos CRPs nesses eventos. Apresentamos também as bases da atuação em saúde mental e atenção psicossocial em desastres e emergências em saúde pública, discutindo a atuação dos profissionais de Psicologia e a formação existente.”
Bernardo Dolabela, integrante da Comissão de Orientação em Psicologia de Emergências e Desastres
“Foi um grande congresso onde aproveitamos para divulgar os Anais da I Mostra de Formação em Psicologia do CRP-MG. Na atividade que conduzi mostrei a importância de uma formação crítica, que contemple a ciência, mas também a dimensão ética e técnica. Inevitável falar também sobre as consequências da pandemia por conta de um prolongamento do ensino on-line, que parece que foi incorporado e não deveria haver mais. Mais que nunca temos o desafio de fazer frente às pressões mercadológicas e mercantilistas, revogando a Portaria 2117/2019, que ampliou o percentual de ensino à distância.”
Evely Capdeville, integrante da Comissão de Orientação em Psicologia e Formação Profissional