CRP-MG promove encontro sobre a potência e o alcance da Psicanálise

Nesta quarta-feira, 31/10, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) mobilizou o público para falar sobre “O ensino-transmissão da Psicanálise: seu alcance, a-diversidades e potência transformadora de pessoas”. O encontro contou a participação da psicanalista, psicóloga e doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano, Maria Lucia Romera. A mediação foi realizada pela professora do Departamento de Psicologia da UFMG e membro da Comissão de Psicologia Escolar e Educacional do CRP-MG, Deborah Barbosa.

Assista a mesa, na íntegra, em vídeo. 

Na abertura do encontro, a conselheira do CRP-MG, Mariana Tavares, leu a nota de posicionamento do Conselho sobre “A Psicologia e a conjuntura política brasileira”.  Maria Lucia Romera complementou a leitura ressaltando que, principalmente neste momento, os livros e o estudo aparecem como atos de revolução. “Temos que nos manter firmes e conectados no compromisso social da Psicologia. É um dever que nós temos com a sociedade, já que temos esse título tão importante”, ressaltou.

Para dar início as apresentações, a psicóloga disse que se pode constatar diferentes formas de ensino-transmissão da Psicanálise: nas sociedades psicanalíticas, desde a sociedade inaugurada por Freud até as que se desdobraram dela, seja por dissidências ou maneiras diferentes de entender a função da Psicanálise no mundo, em universidades, cursos de graduação e pós-graduação e nas clínicas e consultórios que praticam psicoterapia. A doutora ainda citou Renato Mezan, que diz “a psicanálise é um patrimônio cultural da humanidade”.

Maria Lúcia também se debruçou sobre os textos do psicanalista brasileiro Fábio Herrmann, chamando atenção para um tema tratado por ele: a psique do real. Para ela, o autor deixa evidente que é possível um psicanalista fazer uma análise da ruptura de qualquer fenômeno social, já que não é só dentro da sala de análise que essas lógicas aparecem, mas em qualquer lugar onde alguém se incline sobre a lente psicanalítica.

Maria Lúcia citou Fabio Hermann: “a psicanálise mostra que a psique, ou seja, o que produz sentido nas coisas humanas, engana o homem dentro de sua própria casa. Às vezes ele brinca consigo mesmo porque não se dá conta de que faz algo que, por não conhecer o sentido, está determinando seu modo de ser”. A partir de disso, ela explica: “nós não sabemos o que está determinado, queremos ir para uma direção e acabamos indo para outra. O que eu posso fazer é conhecer o mais proximamente possível o que me direciona”.

A doutora também se dedicou a um tema que considera importante: o estatuto do erro na Psicanálise. De acordo com ela, tropeçar é importante porque só assim se sabe o jeito que anda. “É quando tropeçamos que sabemos o jeito que andamos. Os escorregões que nos dão dimensões. Temos que buscar o sentido para o ato falho, pois as ondulações e as dúvidas nos salvam. Estamos salvos de nos tornarmos máquinas, enquanto tivermos dúvidas. Quando tiver só certo e errado, nos tornaremos sistema binário, que não tem pensamento”, concluiu.

Maria Lucia Romera citou, durante sua apresentação, alguns livros que ela considera importantes para evoluir a forma de pensar, transmitir e ensinar a Psicanálise. São eles:

O que é Psicanálise – Fábio Herrmann

O que é Psicanálise – Oscar Cesarotto e Márcio Peter de Souza Leite

Clínica psicanalítica: a arte da interpretação – Fábio Herrmann

O divã a passeio: à procura da psicanálise onde não parece estar – Fábio Herrmann

A infância de Adão e outras ficções freudianas – Fábio Herrmann

Andaimes do Real: o método da Psicanálise – Fábio Herrmann

Psicanálise do Quotidiano – Fábio Herrmann

Psicanálise em Perspectiva, livros l e ll – Maria Lucia Castilho Romera



– CRP PELO INTERIOR –