28 out Por uma vida digna para todas(os)

Live do projeto Saúde mental de janeiro janeiro de outubro conversou sobre a luta antimanicomial

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), realizou nesta terça-feira (26), a live do projeto Saúde Mental de Janeiro a Janeiro. Nesta edição, o tema foi a Luta antimanicomial: reflexões para continuar re-existindo. 

O bate-papo contou com a presença do ex- deputado federal Paulo Delgado (PT-MG), da presidenta da Associação Loucos por Você do município de Ipatinga, Cirlene Ornelas, e da psicóloga Soraia Marcos. A mediação foi da presidenta do CRP-MG, Lourdes Machado. 

O ex-deputado federal Paulo Delgado tem mais de 20 anos de atuação na política. No período em que esteve no Congresso Nacional, trabalhou em favor da luta antimanicomial tivesse vez e voz. Essa movimentação resulta na Lei 10.216, de 2001, que leva o nome do deputado e que “dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental”. 

Durante a conversa desta terça-feira, Paulo enfatizou que a lei é resultado de uma longa trajetória em defesa dos direitos humanos. “A luta antimanicomial não nasceu com a Lei 10.216, mas essa lei organizou o movimento. Ela representou o nível mais alto da luta naquela época”, avalia o ex-deputado que acredita na importância da lei para a desconstrução do modelo manicomial e, ao mesmo tempo, para a construção de uma rede alternativa que preze a liberdade.  

Para a psicóloga Soraia Marcos, a luta antimanicomial simboliza essa defesa da liberdade, feita com coragem. “A luta antimanicomial é uma luta de coragem. Uma coragem viva, produtiva, cidadã, de cuidados e liberdade. É o acolhimento e o resgate das histórias presentes nos serviços de saúde”, resume a trabalhadora do Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam), que comemorou a recente vitória da cidade de Belo Horizonte contra o fechamento desse equipamento de atendimento. 

Segundo a presidente do CRP-MG, essa vitória é um avanço para conter uma reforma psiquiátrica que não considera a(o) usuária(o). “Está havendo uma reforma psiquiátrica que é um ataque frontal ao modelo territorializado e aberto. Desde a portaria n° 3.588, a reforma psiquiátrica está acontecendo no Ministério da Saúde, mas o que precisamos é de uma reforma psiquiátrica antimanicomial”, ela ainda acrescenta que o fechamento do Cersam de Belo Horizonte não é à toa. “Temos a nítida impressão que esse desmonte quis começar por um município referência nacional e internacional”, conclui. 

Para Cirlene Ornelas, da Associação Loucos por Você, essa é uma luta diária, sem data, cor ou hora. Segundo ela, ataques às políticas de acolhimento digno não podem ser tolerados. “Não podemos aceitar retrocessos ou ataques vindos sejam eles de onde for. É isso que me motiva a permanecer na caminhada”, reflete. 

A live completa, pode ser acessada no canal do CRP-MG no Youtube. Veja!