Psicologia em Foco debateu conceito de gênero e violência psicológica contra as mulheres

Psicologia em Foco 21/3O conceito de gênero e a violência psicológica contra as mulheres foram os temas discutidos no terceiro Psicologia em Foco de março de 2018. O encontro aconteceu na quarta-feira, 21/3, como parte da programação especial que o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) preparou para o mês das mulheres.

Mediado pela psicóloga e integrante da Comissão Mulheres e Questões de Gênero, Ana Elisa Xavier, o debate contou com as contribuições das psicólogas Beatriz Bambilla e Cíntia Teixeira. Assista o debate na íntegra.

Gênero: um conceito suficiente? – Beatriz Bambilla propôs reflexões sobre o conceito de gênero e o contexto vivido pelas mulheres. Doutoranda em Psicologia Social e conselheira do CRP-SP, ela realçou que o conceito de gênero cumpriu uma função muito importante ao destacar a construção social em torno do feminino e do masculino e ao desnaturalizar o que se atribui a mulheres e homens. Dessa forma, configurou-se como um contraponto importante à tendência positivista e biologizante.

No entanto, a partir da perspectiva sócio-histórica, Beatriz analisa que a perspectiva do gênero enquanto papel social não seria suficiente para a construção de um caminho emancipatório. “Reafirmo a importância do conceito de gênero, mas apenas essa ideia não expressa as contradições do nosso cotidiano”, defendeu Beatriz, ao enumerar as várias violações às quais as mulheres estão sujeitas, como feminicídio, violência sexual, baixos salários, jornadas duplas e triplas de trabalho, entre outras.

Para contribuir com a análise da situação das mulheres na sociedade contemporânea, Beatriz propôs a perspectiva da consubstancialidade. “Evoco a necessidade de produzirmos um debate sobre as relações sociais, as contradições do capital vs. trabalho, as relações entre patriarcado e racismo”. Portanto, para a psicóloga as dimensões sociais e históricas do Brasil são fundamentais para a compreensão da situação das mulheres e para a construção de uma nova sociedade.

“Não há luta feminista que não seja anticapitalista e antirracista”, afirmou Beatriz Bambilla.

Violência psicológica – Doutora em Psicologia e integrante da Comissão Mulheres e Questões de Gênero do CRP-MG, Cíntia Teixeira, apresentou as atividades realizadas pela Comissão. Ela explicou que em 2018 muitas atividades terão como foco a discussão da violência psicológica, por ser um conceito menos difundido. “Talvez seja uma das violências mais sutis e a Comissão está dedicada a pensá-lo”, explicou.

Como uma das primeiras ações nessa direção, a Comissão publicou neste mês um folder que discute a violência psicológica contra as mulheres e apresenta, por meio de definições e exemplos, quatro conceitos:

Mansplaining: quando é explicado para uma mulher algo que ela já sabe, pressupondo sua incapacidade de compreender sozinha.

Gaslighting: é uma forma de forma de opressão e controle, em que a mulher abre mão das próprias ideias e escolhas porque duvida do que é capaz e daquilo que acredita ser real.

Bropriating: é uma prática muito comum no espaço de trabalho. A mulher dá uma ideia e não recebe atenção dos ouvintes. Em seguida, um homem se apropria do que foi dito por ela, repete exatamente sua fala, e imediatamente recebe o crédito pela ideia, que é aceita como se fosse dele.

Manterrupting: acontece toda vez que a fala de uma mulher é interrompida, não permitindo que ela termine a sua linha de pensamento.

A Comissão também publicou um folder com um panorama das ações já realizadas e marcos históricos da luta pelos direitos das mulheres. As reuniões da Comissão são abertas à participação de interessadas(os) e acontecem na sede do CRP-MG. A agenda de reuniões é divulgada no calendário do site do CRP-MG: www.crpmg.org.br .

As publicações apresentadas por Cíntia estão disponíveis para download:

Acesse o folder que apresenta o trabalho da Comissão Mulheres e Questões de Gênero.

Acesse o folder sobre Violência Psicológica contra as Mulheres.

No dia 28/3, a programação especial do Psicologia em Foco será concluída com o debate “(In)visibilidade das mulheres em privação de liberdade e das meninas no Socioeducativo”. As inscrições para esta mesa também estão abertas, basta enviar nome completo, profissão, e área de atuação para: estagio.rp@crp04.org.br .

Confira o hotsite que o CRP-MG preparou para o Mês das Mulheres em 2018.



– CRP PELO INTERIOR –